Para quem chegou agora, vamos explicar do início.
A Companhia de Docas do Pará - CDP pretende implantar um terminal de conteiners, na área hoje ocupada pelas galpões 11 e 12 do velho porto de Belém, próximo à Doca de Souza Franco, centro de Belém.
Veja no mapa.
O projeto vem sendo combatido por interessados na preservação do Patrimônio de Belém, sob o argumento de que os galpões fazem parte da paisagem cultural da cidade associada ao período áureo da borracha.
Concordo integralmente com ele, mas acho que outros pontos, de igual relevância estão sendo esquecidos no debate.
Um é o agravamento do já caótico sistema de circulação urbana de Belém.
A localização do terminal em uma área central da cidade vai incrementar um indesejável fluxo de veículos pessados, chegando e saindo.
Veja.
Vias importantes como Pedro A. Cabral, Arthur Bernardes, Senador Lemos, Souza Franco, Marechal Hermes, etc, estarão sempre ocupadas por carretas portando containers.
Alguem acredita que esta é uma atividade limpa, que não polui, silenciosa, que os motoristas de carretas são gentis, educados, exemplares respeitadores dos carros de passageiro, que estacionarão, sempre, nos lugares adequados. Quem não sabe que junto com porto vem prostituição, bordeis, drogas, sonzão, boieiras, bauicas, sujeira.
Essa indesejada vizinhança poderá afetar o mercado imobiliário da Doca/Umarizal, justo o mais dinâmico de Belém.
Os problemas não acabam aqui.
Para executar este crime de lesa cidade a CDP precisa remover um obstácuro.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Alias, tem uma rua no meio do caminho. Uma rua é um logradouro público, uma coisa pública (res publica), um bem comum que pertence a todos, administrado pela municipalidade.
Pois bem, os espertalhões da CDP propu$eram aos "be$talhõe$" (pero no mucho) da Prefeitura de Belém de trocar esta rua por uma outra, novinha em folha.
Um gráfico vale mais que mil palavras:
Mas esta rua não pertence à FDP.
Se esta rua fosse dela, ela poderia ladrilhar com pedrinhas de brilhantes para suas carretas passarem.
Acontece que esta rua É um logradouro público, uma coisa pública (res publica), um bem comum que pertence a todos, apenasmente administrado pela municipalidade.
Todas as ruas do Reduto cruzam a Doca e continuam no Umarizal.
Veja:
Só a Pedro Alvares Cabral não prossegue.
Por que?
A CDP diz que tem escritura, registro de imóvel, tudo direitinho.
Também tem gente que tem terreno na Lua com documentação completa.
Se deixarmos de lado artifícios jurídicos, raciocínios tortuosos, sofismas enfim, é claro como o dia que não há escritura ou registro de imóvel que prevaleça sobre o pré-existente traçado da rua, evidente na foto e demostrável nos mapas anteriores à ocupação maliciosa do espaço público.
ESTE É MAIS UM CAPÍTULO DA ARROGÂNCIA, DA PREPOTÊNCIA, DA MANEIRA IMPERIAL QUE O GOVERNO FEDERAL, NÃO IMPORTA QUE PARTIDO (ARENA, PMDB, PSDB, PT) OU REGIME (IMPÉRIO, REPÚBLICA, DITADURA, DEMOCRACIA) TEM NOS TRATADO.
Quem sabe o que é bom para Belém?
Quem sabe da nossa memória?
Qual patrimônio preservar?
É Brasiíia?
É a lei federal sobre o patrimônio?
Quem define o desenvolvimento urbanístico da cidade?
Não, os armadores e seus lobistas de Brasília, ou seus testa-de-ferro eventualmente em diretorias de ministérios ou na CDP?
QUEM ESTÁ DECIDINDO EM QUE BELÉM VAMOS MORAR, É O PERCENTUAL DE LUCRO DO FRETE COBRADO PELOS ARMADORES QUE TRANSPORTAM CONTAINERS.
Por reunir tamanha quantidade de erros, tamanha inconscistência, imensa incoerência, injustificada arrogância, uma só argamassa agrega este projeto:
MUTRETA, SACANAGEM, LOBBY, CORRUPÇÃO.
Reforçam meu pensamento, o fato de Ademir Andrade e outros dirigentes da CDP, responsáveis pelo atentado contra Belém, por razões também não meritórias, já terem sido agraciados com a Grã-Cruz dos tempos correntes: as algemas.
P.S.: A Secult do governo Jatene está conta o projeto, Zenaldo do PSDB, está contra. Jordy está contra. Jader está contra.
O PT está calado, até agora não ouví um piu.
Vamos acompanhar como cantam essas sabiás.