Geralmente eram portugueses e o leite distribuído tinha fama de ser batizado, misturado com água.
Contam que um dia o cavalo do Manuel veio a obito e como a vida andava-lhe vasqueira não tinha numerário suficiente para comprar outro animal.
Chama o compadre Joaquim e relata os fatos, ouvindo de Joaquim pragmático conselho:
Imagens do Cotidianos, Jornal Pessoal, Lúcio Flávio Pinto. |
Ó Manuel por que tu mesmo não puxas o raio desta carroça?
Aí Jisus, como pode, não tinha pensando nisso antes, amanhã mesmo cedinho recomeço a ganhar o pão de cada dia. Se bem que agora, não te parece compadre, que me perdoe, Nosso Senhor Jesus Cristo, será mesmo o que o diabo amansou, sem a ajuda deste desgraçado quadrúpede que me havia, logo agora, de morreire.
E começou,
E foi levando,
E foi levando.
Um dia encontra Joaquim que pergunta:
Antão já t'acostumastes a puxarei a carroça?
Puxar a carroça já, o que ainda não m'acostumei foi cagar andando.
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Mais de 50 anos depois, na era da Constituição Cidadã, das conquistas da sociedade civil, das medidas se saúde e segurança do trabalho, das CIPAS, das leis de proteção contra o trabalho degradante e insalubre, depois que um operário governou o Brasil, ainda trabalhadores vivem a situação vexatória do Manuel.
Artigo de autoria da Desembargadora Federal do Trabalho Rosita de Nazaré Sidrim Nassar, publicado no repositório UFPA 2.0 em 07/05/2013: As Garantías do Mínimo Existêncial nas condições de trabalho, veja aqui, ganhou repercussão nacional na edição on line da Folha de São Paulo de 09/05/2013.
Leia a matéria aqui.
Se a questão é lamentável, degradante e lastimável, resta consolo de que o improvisado repositório livre e aberto da produção acadêmica da UFPA, o UFPA2.0 já vai se tornando referência para quem busca informação sobre a região.
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