Quando eu escuto a frase acima, principalmente em ambientes que deveriam ser considerados, tenho vontade de sair correndo.
Primeiro esse ELES indefinido, sempre companheiro dos catecúmenos das teorias conspiratórias, depois, o total desconhecimento da História.
A Europa vem descobrindo "cientificamente" a Amazônia desde o século 18, a expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira, recolheu, classificou, segundo Lineus, milhares de espécies que foram mandadas para o Museu da Ajuda em Lisboa, depois levados para a França como butim de guerra pelo exército invasor de Napoleão comandado pelo General Junot. Mais recentemente, no século 19, pesquisadores de
várias nacionalidades estiveram na Amazônia entre eles Alfred Wallace, cuja coleção está em Londres e foi fundamental para a formulação da Teoria da Evolução.
Em seus relatos constam achados no atual bairro de São Brás em Belém (ou seja não precisa ir muito longe).
No século vinte, depois que os ingleses levaram navios com sementes de seringa passando pelo porto de Belém, foi a vez dos missionários católicos e protestantes nas aldeias indígenas e mais recentemente as ONGs tipo WWF, do Prince of Walles, ou outras financiadas pelo Bill Gates e outros humanitaristas do copyright. Ingenuidade falar de segredos amazônicos, de gente que quer vir aqui descobrir o Eden da biodiversidade escondida.
Tudo isso está a disposição de quem quiser encontrar seja nos acervos dos grandes museus e institutos de pesquisa do exterior, seja no Ver-o-Peso, seja em um hotel de selva em Manaus, Marajó, Caxiuianã. Mais ainda, a Amazônia não é só brasileira, tem a peruana, boliviana, colombiana. Entre a Colômbia e os EUA há uma mútua relação de confiança, ou de dependência, os gringos podem ir buscar a cura da AIDs, do Câncer, da impotência da obesidade nos matos de lá. A Guiana francesa é um território ultramarino francês na Amazônia. Será que os "segredos" só estão do lado de cá?
Isso me faz lembrar, o propalado segredo da Coca-Cola, que não é outro senão seu exército de advogados prontos para processar quem ouse piratear a fórmula, tarefa simples para qualquer químico. Ou seja esta Amazônia desconhecida que interessa à ELES "conhecer" e se "aproveitarem de nós" pobres tupis ávidos por trocar biodiversidade por espelhos, não existe.
Se estes argumentos não são suficientes, me proponho a renunciar a eles e imaginar uma Amazônia onde só restem a última onça e a última anta, à primeira cumprirá exercer seu destino ontológico-ecológico, de topo da cadeia alimentar e comerá a anta, e, quem sabe, no cocô desta onça não venha proliferar a proteína que, uma vez sintetizada, dê bom senso a todos e a todas.
"Nòs nao vamo pagar nada!! Nòs nao vamo pagar nada!!!"
ResponderExcluirTambém acho. To de acordo.
ResponderExcluirFlávio: - Não sei se lembras, mas ali na Quintino (entre Braz e Nazaré, onde hoje é o ed. São Paulo)tinha a pensão de uma alemã, d. Erna. Minha avó morava lá na frente e qdo criança eu via o que imagino hoje serem pesquisadores. Eles passavam as noites fazendo anotações e colando coisas em papéis que depois eram colocados em envelopes.Usavam roupas cáqui, chapéu de palha com filó, protegendo o rosto e trabalhavam à luz de Petromax. Tanto fazia ser Natal, Ano Novo (dias em que a gente ficava brincando até tarde na rua) sempre havia um ou dois deles.Tens alguma referência sobre isso? Gostaria de ter mais informações.Abs. Ângela Arruda.
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