quinta-feira, 21 de junho de 2012

Um fragmento do fêmur de Santana, será que é isso?


Outra possível origem da maldição que caiu sobre Belém.

Dentre os muitos dons deixados por Landi à Belém, consta que doou para a igreja de Santana, devidamente autenticado pelo Cardeal de Bolonha, um fragmento do fêmur da beatissa avó do divino Salvador.
A tradição das relíquias é tão antiga quanto o cristianismo. Tem relíquia de tudo: da cruz, da coroa da espinho, do suor do arcajo São Miguel quando venceu o demônio, pena da asa do anjo Gabriel que caíu no quarto da Virgem por ocasião da Anunciação, do carvão das fogueiras onde assaram-se os mártires dos primeiros tempos, pedaços, braços, pés, língua, ossos, e restos, e lascas, e cuís de famosos santos e, até,  daqueles já esquecidos.
A relíquia que Landi nos doou não era umazinha qualquer, era de SantAna, a MÃE de Nossa Senhora e AVÓ de Nosso Senhor. Figura portanto muito bem posicionada no Panteon de nossos deuses; daquelas que não precisam marcar audiência para falar com o pessoal da suprema corte celeste, vão entrando sem se importar com os azeites de São Pedro. 
E o fragmento também não era um qualquer. Não era a unha do dedo mindinho do pé esquerdo, ou um pedaço do apêndice, que pelo próprio nome já é aposto, secundário, coisa que vai no fim da edição.
Era um padaço do fêmur, o osso de dentro da coxa. Da coxa na qual sentaram-se O Menino e A Mãe.
A Mãe de Deus e Jesus Cristo, redentor da humanidade, sobre essas coxas xixaram e obraram.



Maria que esta sempre lendo as escrituras, para simbolizar sua distinção, sua elevada condição humana e espiritual, nas representações da Anunciação, como nesta de Leonardo...


... alfabetizou-se sentada naquela coxa-fêmur como se vê na Santana Mestra, a mais popular representação da santa.


Um pedaço deste Universo, desta Cosmogonia, deste Mistério, estava aqui, bem alí na Praça Maranhão, antes Largo de Santana, na esquina da Pe. Prudêncio, ex-rua do Landi, com Manuel Barata, definido pelo Google Maps pelas coordenadas: 1º 27' 03" S e 48º 29' 54" O.


Guardadas em um relicário de prata dourada, mandado vir de Bolonha, como este...

Mas elas:
SUMIRAM
ESCAPULIRAM,
SE ESCAFEDERAM,
SALTARAM FORA,
DESAPARECERAM.
NÃO ESTÃO MAIS AQUI !!

Reza a tradição - e aqui se tratanto de religioso afair, deve rezar mesmo - que o Vigário de Santana, Cônego Nelson Soares, ausentou-se de Belém e quando voltou se deparou com o lugar mais limpo do mundo. Em cima do altar neca de necas.
Correu para o Arcebispado, ofegante, afogueado, suando, chegou fedendo e tremendo debaixo da batina preta:
- Dom Alberto! As relíquias, as relíquias, as relíquias! As santíssimas relíquias da beatíssima Nossa Senhora Santana, se fÔ!
- Como assim, se fÔ?
Perguntou o Arcebispo.
- Vossa Reverendissima pessoa não entende é isso: Se fÔ! Se fÔram, se foram. FORAM gatunadas nestes dias em que estive fazendo retiro, retiraram as relíquias do altar junto com a custódia. 
É isso, Vossa Reverendíssima Exelência captou? O fragmento do fêmur de Santana se fOi.


Para evitar escândalos que comprometessem a imagem da Igreja, Dom Alberto Ramos achou melhor não dar parte na Polícia.

Cortou-se assim a ligação direta, íntima, familiar entre Belém e as superiores dimensões celestiais. Entre Belém e a casa dos deuses, estavamos AQUI a dois passos do paraíso. A Avó e , ubíqua, falava com a Filha que pedia pro Filho, FILHO de Deus todo poderoso.

A História tem dado mostra de como esta comunicação em linha direta com os céus são importantes e têm dado bons resultados para quem delas usufrui.

Dois exemplos:


Constantino, o imperador que suspendeu a perseguição aos cristãos, ele mesmo teria se convertido in pectore depois que viu no céu um desenho da cruz de Cristo junto com os dizeres: In hoc signo vinces, "Com este signo vencerás".
Mandou pintar nos escudos de seus guerreiros o sinal da cruz e, estando em situação de inferioridade numérica, venceu Maxêncio, na Ponte Mílvia, no ano 312.

O apoio que recebeu do alto foi tal, que anjos desceram e apontavam onde estavam os inimígos. Veja o detalhe.



Outro que também contou com os benefícios da comunicação em tempo real, com as inefáveis alturas, foi Dom Afonso Henrique, fundador e primeiro rei de Portugal. Antes da Batalha de Ourique viu a imagem da cruz do Filho de Maria que o incentivava à luta. Como descreve Camões no canto Canto III, estâncias 42-53 dos Lusíadas, implorava ao crucificado que se mostrasse aos infieis e não a ele, já crente:
"Aos Infiéis, Senhor, aos Infiéis,
e não a mim, que creio o que podeis!"


Se ainda tivéssemos um canal dedicado de comunicação com as alturas, com os atuais recursos tecnológicos, sem grandes esforços cenográficos ou efeitos especiais dispendiosos, poderíamos ser orientados diariamente.
Por exemplo, quando aparecesse no céu, ou anexo em nosso email, ou postados no Face, uma imagm como essa aí de baixo:


Saberíamos, não se deveria acreditar/votar num cabra que tivesse dois Ds no codinome.

Com certeza, Belém não seria esta cidade jogada às baratas!

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