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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

LANDI NA ITÁLIA

A marca na Arquitetura italiana de Landi esta na cidade de Cesena, a uns 90 km de Bolonha.

Cesena foi uma importante sede do Iluminismo Renascimentista. Fazia parte dos domínios da família Malatesta e conservada hoje, a maior biblioteca medieval, reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Mundial.

A cidade guarda muitos munumentos artisticos,

um bom humor ...

sutil.

Seu lema, hoje, soa blazé,

Elephas indus culices non timet.

L'elefante indiano non teme le zanzare.

Elefante não tem medo de carapanã.

O mesmo dos esclarecidos e arrogantes Malatesta.

O folheto oficial do departamento de turismo de Cesena assim apresenta a igraja de Santo Agostinho.

O exterior

As volutas não são de Landi, são de Vanvitelli.

O assentamento da obra segue o projeto e guardam o estilo de Landi.

Feixe de lesenas paladianas presentes no Carmo em Belém.

Cúpula semelhante a projetada para a igreja do Carmo em Belém e realizada aqui.

A lanterna da cúpula, vista por dentro,

e de fora...

é idêntica a lanterna das torres da catedral de Belém, projetada por Landi, como demonstra o desenho comparativo feito por Pietro Lenzini.

sábado, 3 de novembro de 2012

EM DEFESA DE LANDI: QUEM NÃO SABE É MELHOR CALAR

Em recente evento promovido pelo Grupo ALUBAR e sem NENHUMA participação do FÓRUM LANDI, e necessário que isto fique claro, a confencista Beatrice Buscaroli, entre outras barbaridades, disse que depois de suspensas as demarcações dos limites, Landi voltou à Portugal para pedir ao rei autorização de continuar residindo no Grão-Pará.

LANDI NUNCA VOLTOU À EUROPA DESDE QUE AQUI CHEGOU EM 1753.

Mas não ficam por aí as desinformações espalhadas por ocasião da divulgação evento.
Em materia provavelmente fornecida pela assessoria de imprensa da empressa afirmam que a "revitalização" foi financiada pela ALUBAR.

O RESTAURO, não revitalização, foi financiado pelo Programa Monumenta do Governo Federal que envolve IPHAN, CAIXA, Ministério das Cidades. A ALUBAR foi tomadoura do empréstimo a juros zero e 15 anos para pagar.

Outra "indelicadeza" na materia é a de deixar de citar o MEU NOME como autor do projeto das alegorias da sala Bolonha. Lenzini e Drioli com suas extraordinárias qualidades artísticas executaram o projeto por mim concebido e em parte também por mim dirigido.
Lenzini e Drioli reconhecem isso.

Como Coordenador do Fórum Landi que tem a missão de estudar e divulgar a obra de Antônio José Landi é meu dever esclarecer que as informações prestadas pela Professora Beatrice Buscaroli, de que Landi não deixou obra edificada na Italia, também é incorreta.

É questão pacífica entre os estudiosos da obra de Landi que a igreja dos Agostinianos de Cesena, um importante centro de difusão das ideias renascentistas, foi contratada com Landi, que fez o projeto e iniciou sua construção. Foi quando resolveu vir para o Grão-Pará, as obras prosseguiram sob Vanvitelli com modificações perceptíveis apenas na ornamentação.

O olhar culto logo percebe que a implantação da igreja segue o mesmo padrão da nossa Igreja do Carmo.

Em Santo Agostino como no Carmo os arranjos paladianos enlaçando colunas e arcos presentes, lá e cá, são landianos.

Material de divulgação turistico de Cesena assim apresentam a igreja dos Agostinianos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

FOLHA DE SÃO PAULO: Patrimônio histórico de Belém está ameaçado

Talvez agora, que deu na "Folha" comecem a levar mais a sério aquilo que já estamos LOUCOS de gritar.
A matéria de Aguirre Talento, com belissima foto da Capela de São Francisco da Penitência de Tarso Sarraf, foi publicada na edição de ontem 09/09/2012, menciona o trabalho do Fórum Landi e da UFPA.
Confira:

Cidade que mistura arquitetura colonial do século 18 com estilo art nouveau do ciclo da borracha, no século 19, Belém assiste à degradação de seu patrimônio histórico, com imóveis ameaçados e desgastados pelo tempo.

Há igrejas com paredes descascadas e atacadas por cupins. Na capela da Ordem Terceira de São Francisco e na igreja do Carmo, pinturas estão perdendo nitidez pela falta de conservação.
Há três anos, a fachada de um antigo convento dos jesuítas do século 18 chegou até a desabar.
Segundo o Ministério Público Federal e o Fórum Landi (ligado à Universidade Federal do Pará e que monitora o patrimônio histórico), há diversas construções em risco.
Especialistas dizem que as intervenções no patrimônio têm sido pontuais, sem planejamento de longo prazo entre as esferas de governo.
"Há 25 anos, as cidades históricas entraram em crise, vendo o crescimento de outras capitais, e começaram a investir em rejuvenescimento para atrair turistas. A única que não fez isso foi Belém, ficamos atrasados", diz o arquiteto Flávio Nassar, coordenador do Fórum Landi.
Outro empecilho é que, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), um débito da prefeitura com o governo federal, de outubro de 2010, impede que sejam aplicados recursos federais no patrimônio histórico. Por isso, 50 projetos não receberam verba.

INFILTRAÇÕES
Os dois bairros do centro histórico de Belém, Campina e Cidade Velha, são tombados pelo Iphan.
Neles, há algumas construções que foram revitalizadas e viraram pontos turísticos.
Seguindo pelas ruas estreitas do centro, no entanto, o aspecto é de degradação.
Uma das piores situações é a da capela da Ordem Terceira de São Francisco, cujas paredes úmidas são resultado de infiltrações. Só abre aos domingos.
A capela é do século 18, e pesquisadores afirmam que seu retábulo (construção que fica no altar) é de autoria do arquiteto Antônio Landi, considerado o mais importante de Belém no período.
Outro imóvel atribuído a Landi, a capela Pombo, antiga construção particular em uma área comercial do centro, está abandonada e deverá ser restaurada pela UFPA.

OUTRO LADO
A Fumbel (Fundação Cultural de Belém), ligada à prefeitura, diz que o centro histórico é de difícil conservação devido à sua extensão.
Há 7.000 imóveis no local. Outras capitais, como São Luís e Salvador, têm, respectivamente, cerca de 5.600 e 3.000 imóveis em seus centros históricos.
A Fumbel diz que incentiva a conservação de imóveis particulares da região tombada dando isenção de IPTU.
O Iphan informa ter feito algumas restaurações, mas diz que, sem parceria com a prefeitura, não tem pessoal suficiente para cuidar de um grande número de projetos.
A Secretaria de Cultura do Estado não respondeu.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Um fragmento do fêmur de Santana, será que é isso?


Outra possível origem da maldição que caiu sobre Belém.

Dentre os muitos dons deixados por Landi à Belém, consta que doou para a igreja de Santana, devidamente autenticado pelo Cardeal de Bolonha, um fragmento do fêmur da beatissa avó do divino Salvador.
A tradição das relíquias é tão antiga quanto o cristianismo. Tem relíquia de tudo: da cruz, da coroa da espinho, do suor do arcajo São Miguel quando venceu o demônio, pena da asa do anjo Gabriel que caíu no quarto da Virgem por ocasião da Anunciação, do carvão das fogueiras onde assaram-se os mártires dos primeiros tempos, pedaços, braços, pés, língua, ossos, e restos, e lascas, e cuís de famosos santos e, até,  daqueles já esquecidos.
A relíquia que Landi nos doou não era umazinha qualquer, era de SantAna, a MÃE de Nossa Senhora e AVÓ de Nosso Senhor. Figura portanto muito bem posicionada no Panteon de nossos deuses; daquelas que não precisam marcar audiência para falar com o pessoal da suprema corte celeste, vão entrando sem se importar com os azeites de São Pedro. 
E o fragmento também não era um qualquer. Não era a unha do dedo mindinho do pé esquerdo, ou um pedaço do apêndice, que pelo próprio nome já é aposto, secundário, coisa que vai no fim da edição.
Era um padaço do fêmur, o osso de dentro da coxa. Da coxa na qual sentaram-se O Menino e A Mãe.
A Mãe de Deus e Jesus Cristo, redentor da humanidade, sobre essas coxas xixaram e obraram.



Maria que esta sempre lendo as escrituras, para simbolizar sua distinção, sua elevada condição humana e espiritual, nas representações da Anunciação, como nesta de Leonardo...


... alfabetizou-se sentada naquela coxa-fêmur como se vê na Santana Mestra, a mais popular representação da santa.


Um pedaço deste Universo, desta Cosmogonia, deste Mistério, estava aqui, bem alí na Praça Maranhão, antes Largo de Santana, na esquina da Pe. Prudêncio, ex-rua do Landi, com Manuel Barata, definido pelo Google Maps pelas coordenadas: 1º 27' 03" S e 48º 29' 54" O.


Guardadas em um relicário de prata dourada, mandado vir de Bolonha, como este...

Mas elas:
SUMIRAM
ESCAPULIRAM,
SE ESCAFEDERAM,
SALTARAM FORA,
DESAPARECERAM.
NÃO ESTÃO MAIS AQUI !!

Reza a tradição - e aqui se tratanto de religioso afair, deve rezar mesmo - que o Vigário de Santana, Cônego Nelson Soares, ausentou-se de Belém e quando voltou se deparou com o lugar mais limpo do mundo. Em cima do altar neca de necas.
Correu para o Arcebispado, ofegante, afogueado, suando, chegou fedendo e tremendo debaixo da batina preta:
- Dom Alberto! As relíquias, as relíquias, as relíquias! As santíssimas relíquias da beatíssima Nossa Senhora Santana, se fÔ!
- Como assim, se fÔ?
Perguntou o Arcebispo.
- Vossa Reverendissima pessoa não entende é isso: Se fÔ! Se fÔram, se foram. FORAM gatunadas nestes dias em que estive fazendo retiro, retiraram as relíquias do altar junto com a custódia. 
É isso, Vossa Reverendíssima Exelência captou? O fragmento do fêmur de Santana se fOi.


Para evitar escândalos que comprometessem a imagem da Igreja, Dom Alberto Ramos achou melhor não dar parte na Polícia.

Cortou-se assim a ligação direta, íntima, familiar entre Belém e as superiores dimensões celestiais. Entre Belém e a casa dos deuses, estavamos AQUI a dois passos do paraíso. A Avó e , ubíqua, falava com a Filha que pedia pro Filho, FILHO de Deus todo poderoso.

A História tem dado mostra de como esta comunicação em linha direta com os céus são importantes e têm dado bons resultados para quem delas usufrui.

Dois exemplos:


Constantino, o imperador que suspendeu a perseguição aos cristãos, ele mesmo teria se convertido in pectore depois que viu no céu um desenho da cruz de Cristo junto com os dizeres: In hoc signo vinces, "Com este signo vencerás".
Mandou pintar nos escudos de seus guerreiros o sinal da cruz e, estando em situação de inferioridade numérica, venceu Maxêncio, na Ponte Mílvia, no ano 312.

O apoio que recebeu do alto foi tal, que anjos desceram e apontavam onde estavam os inimígos. Veja o detalhe.



Outro que também contou com os benefícios da comunicação em tempo real, com as inefáveis alturas, foi Dom Afonso Henrique, fundador e primeiro rei de Portugal. Antes da Batalha de Ourique viu a imagem da cruz do Filho de Maria que o incentivava à luta. Como descreve Camões no canto Canto III, estâncias 42-53 dos Lusíadas, implorava ao crucificado que se mostrasse aos infieis e não a ele, já crente:
"Aos Infiéis, Senhor, aos Infiéis,
e não a mim, que creio o que podeis!"


Se ainda tivéssemos um canal dedicado de comunicação com as alturas, com os atuais recursos tecnológicos, sem grandes esforços cenográficos ou efeitos especiais dispendiosos, poderíamos ser orientados diariamente.
Por exemplo, quando aparecesse no céu, ou anexo em nosso email, ou postados no Face, uma imagm como essa aí de baixo:


Saberíamos, não se deveria acreditar/votar num cabra que tivesse dois Ds no codinome.

Com certeza, Belém não seria esta cidade jogada às baratas!

terça-feira, 5 de julho de 2011

O Blog do Domingos Sávio

Domingos Sávio, arquiteto, mestre em História da Arte, sabe mais do que muito doutor sobre o tema de Landi, está lançando seu blog http://ornamentoarquitetonico.blogspot.com/ .
Abaixo uma imagem do guarda vento da Sé do Grão Pará desenhada por Landi, que pode ser visto no blog.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O retrato de Landi

Uma das aflições que acometem aqueles que estudam a obra de um personagem pretérito, do qual quase se sente, já, uma certa intimidade, é como ele era? Como sua face, compleição, gestos?
Talvez por isso pintores e escultores não resistiram e criaram os vultos de Moisés, Homero, Rômulo, Maomé, Cristo.
Haroldo Maranhão, me disse que ainda tinha esperança de encontrar, em Lisboa, alguma foto do Felipe Patroni, que aguardava a venda do seu acervo para o governo do estado, para assim empreender, nos alfarabistas lisboetas, sua definitiva pesquisa. Ele não pode concretizar esta viagem.
Não seria diferente com os que estudam Landi, muitos me perguntam por uma foto do arquiteto, pacientemente respondo, foto no século 18 não seria possível, mas um retrato, quem sabem um dia apareça.
Em 2005 durante o curso de pós-graduação promovido pelo Fórum Landi, e a portuguesa Isabel Mendonça, maior estudiosa da obra do arquiteto, explicava a imagem de abertura do álbum dedicado aos Reis de Portugal que se encontra na British Library, descrevia a figura que se apresenta diante do rei como simbolizando a República de Bolonha. E ficou por aí.
Depois do intervalo perguntei: se aquela é a representação alegórica de Bolonha, o rosto da figura que conduz a bandeira onde se lê: LIBERTAS, não seria um auto-retrato de Landi.
Fez-se um silêncio.
Depois ela disse: nunca havia pensado nisso antes.
Clique na foto para ampliar.

sábado, 2 de abril de 2011

Landi: Patrimônio da Humanidade

A II Reunião Internacional do Fórum Landi que acontece dia 8 de abril, vai ter como principal objetivo iniciar ações visando a declaração das obras de Landi em Belém, Patrimônio Mundial.


Esta será a principal atividade do Fórum de agora em diante e pretende ser a nossa contribuição para as comemorações dos 400 anos de Belém em 2016.
Entendemos que este processo, que necessariamente envolve sociedade e governo, poderá dar inicio a um processo virtuoso que conduza a iniciativas concretas de recuperação do patrimônio de nosso Centro Histórico.
Propondo inicialmente a declaração das obras de Landi e a necessária recuperação de seu entorno imediato, estas ações podem ir se expandindo até atingirem áreas mais significativas do Centro.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Chega de saudade, temos que pensar a Belém do amanhã

Antecipando as comemorações dos 395 anos de Belém, o Diário do Pará, na edição deste domingo, publica uma série de matérias sobre a cidade, entre as quais uma entrevista minha.
Confira.

P: Belém completa 395 anos no próximo dia 12. Como o senhor vê a cidade hoje do ponto de vista urbano e arquitetônico? O que falta para que Belém se torne, de fato, uma verdadeira metrópole?
R: Para responder a isso precisamos contextualizar. Belém é uma das cidades “Reais” fundadas no Brasil. No tempo das capitanias hereditárias, o rei dava uma capitania para um nobre, que fundava a cidade, e quando essa cidade tinha um interesse para o rei, era chamada uma Cidade Real. A primeira Cidade Real foi a de Salvador, vindo em seguida o Rio de Janeiro, São Luís e Belém. Eram cidades estratégicas pela sua localização e pelas riquezas que geravam. Quando Belém se torna uma capital do Estado Português, vem para cá uma figura importante para nossa história, o Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que governará o Estado, trazendo na sua comitiva o Antônio Landi. Isso em 1753. É quando são criados o palácio do governo, o quartel, o hospital Real e os conventos, a maioria projetada por Landi. Nesse momento, Belém se transforma na sede do poder político e todos os símbolos desse poder.

P: E que benefícios ficaram para nossa cidade advindos dessa época? Hoje estamos no mesmo patamar das outras chamadas ‘Cidades Reais’?
R: Acompanho o que acontece nas outras cidades nos aspectos urbanísticos e culturais e notamos que entre essas quatro cidades, Belém é a que está na pior situação. Não que nossa cidade seja menos dinâmica do ponto de vista econômico. Ocorre que todas as outras cidades elaboraram um plano estratégico para o seu desenvolvimento, o que não ocorreu em Belém. A primeira cidade que começou a trabalhar isso foi Salvador, com o complexo do Pelourinho. A cidade começou a ter uma importante presença no cenário cultural brasileiro. Esse plano mostraria o que a cidade quer ser, o que ela quer fazer com sua história e o que quer desempenhar. Fortaleza, por exemplo, que não tem uma importância relevante do ponto de vista histórico e até os anos 80 era uma cidade medíocre, hoje assumiu um papel estratégico entre as cidades brasileiras e até supera em importância, em alguns momentos, cidades como Recife. Hoje Fortaleza é um centro turístico de referência nacional, com voos diários de diversas empresas para o exterior. Temos que nos perguntar como poderemos ser a capital desse Estado e como poderemos pensar nossa história. O que falta hoje para Belém, desse ponto de vista, é se repensar como região metropolitana, que se perdeu na cultura da cidade.

P: E isso começa por onde?
R: Todas as grandes cidades que são sedes de regiões metropolitanas, como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, tiveram que elaborar um plano de desenvolvimento metropolitano, que deve partir do Estado em co-autoria os municípios. Aqui, por uma série de questões políticas, isso não foi feito. O que fizeram foi ampliar o número de municípios dessa região metropolitana. Esse espaço é o mais dinâmico da economia do Estado. Dados de décadas passadas mostram que essa região era responsável por cerca de 50% do PIB. Se incluirmos aí a região de Barcarena, esse percentual é ainda mais elevado. Ou seja, a região metropolitana não é decadente, mas está sendo destruída pela falta de planejamento. Os problemas políticos fizeram com que os governos não conseguissem projetar um futuro para Belém, como ela poderia capitanear o Estado e que outras atividades poderia desenvolver autonomamente, como o Turismo Histórico, Cultural e Gastronômico, por exemplo.

P: Qual o principal problema de Belém hoje?
R: Além dos problemas econômicos e sociais que há décadas estão presentes, nos últimos quatro, cinco anos, o problema mais presente e que afeta a todos na cidade é o transporte e a circulação pela cidade. Belém também não pensou num sistema de transporte de massa, rápido, eficiente, limpo e que atenda a toda a população. O Via Metrópole é um projeto atrasado, concebido para uma Belém de 20 anos atrás e que não leva em conta as taxas de crescimento da cidade nos últimos anos e a nova classe média criada pelo governo Lula e a população de menor renda, que é a maioria. O fato é que circular em Belém virou um inferno! Hoje se leva mais de uma hora para se chegar ao trabalho em determinados pontos da cidade. Entre os sistemas viários do Brasil, Belém é um dos mais precários e o diagnóstico do Belém Metrópole mostra isso. Hoje, até Teresina, no Piauí, tem um sistema de metrô de superfície.

P: Em quanto tempo essa situação poderia melhorar e esses sistemas poderiam ser implantados?
R: Primeiro precisamos de um plano de transporte bem feito. Segundo, correr atrás de recursos, já que isso não poderá ser feito com recursos da cidade ou do Estado, mas sim federais ou externos. Isso demandaria, em termos otimistas, mais uma década, se tudo correr bem e não ocorrerem problemas políticos-partidários, o que acredito não mais ocorra. Acho que amadurecemos e se mostrarmos a necessidade do projeto, ele virá. Temos é que ter a iniciativa de fazer.

P: Parece que Belém perdeu o contato com o mundo exterior e hoje não há voos importantes saindo daqui.
R: Esse é outro eixo fundamental. Em todos os outros momentos da história em que Belém foi grande e referência, era um ponto de integração da floresta com o resto do mundo, quer no período das drogas do sertão ou da borracha. Hoje não temos, saindo de Belém, nenhum voo para cidades importantes do mundo. Hoje em Fortaleza há pelo menos dois voos diários em direçãoManaus ocorre o mesmo. Isso não quer dizer apenas turismo, mas negócios, exportação e para isso o contato aéreo é fundamental. Essa deve ser uma preocupação do novo governo do Estado. O caminho mais fácil seria uma rota para a França, com integração por Paramaribo ou Caiena. Belém precisa se reintegrar e estar acessível ao mundo.

P: Belém é uma cidade encantadora e acolhedora, mas que ainda não possui uma urbanidade e uma ocupação ordenada. A que isso se deve?
R: Esse é outro grande eixo que está posto na agenda da cidade. Precisamos de intervenções urbanísticas nos bairros não centrais e de programas de habitação social. Pelo fato de Belém ter sido uma Cidade Real, tem todo um equipamento arquitetônico e urbanístico rico. Temos várias caras, uma delas é a do período do extrativismo das drogas do sertão, da época do Landi. Uma segunda etapa é o do extrativismo da borracha, e um terceiro período que vivemos agora, que é o extrativismo mineral, que não deixa nada nas cidades, a não ser os problemas. A maioria dos bairros de Belém foram planejados no período da borracha, na época do prefeito Antônio Lemos, e que durou até a década de 1960. Ele planejou uma cidade para o futuro a partir da realidade que ele vivia no início do século passado. Nessa época, quando Belém fazia 300 anos, era uma das melhores cidades brasileiras para se viver. Hoje, 100 anos depois, no início do século 21, é uma das piores metrópoles brasileiras do seu porte. Belém foi crescendo, recebendo a migração do interior do Estado e de outros estados, como o Maranhão, e houve um crescimento da pobreza.

P: E o nosso centro histórico, tão rico, mas tão abandonado?
R: O nosso centro histórico é rico, pois reúne história, arquitetura e arte de pelo menos dois períodos da histórica econômica. Houve intervenções no passado tentando melhorar essa área. Na década de 90, nos governos de Almir Gabriel e de Edmilson Rodrigues, que disputaram para saber quem daria a marca mais profunda na recuperação do centro histórico. Ocorre que as intervenções não foram bem sucedidas, pois sempre se trabalhou baseado no saudosismo, com a ideia de se voltar ao passado, trazendo a Belle Epóque... Ocorre que não se pode voltar ao passado. A cidade e a população mudaram e existem problemas como segurança pública que impedem isso. Chega de saudade! Temos que pensar o centro histórico, de preservá-lo e de requalificá-lo com qualidade. Se temos vocação para o comércio popular, temos que trabalhar com essa questão para dar qualidade a esse segmento, para que atue com civilização, criando uma nova estética. Temos que evitar que todas as linhas de ônibus confluam para a área do Ver-o-Peso, o que também prejudica essa recuperação. Outra: muitas atividades que ocorrem hoje no Ver-o-Peso, como o comércio de pescado a granel, na pedra, são incompatíveis com o centro comercial. Temos que criar fora da feira um centro de processamento e abastecimento para o pescado, evitando vários entraves na feira. Também precisamos incentivar a habitação no centro histórico, que dá vitalidade à área, com vida noturna e circulação. (Diário do Pará)