Depois da matemática, a Geofísica já voltou às aulas.
Abriu-se a porteira, os 100 gatos pingados que votaram pela manutenção da greve não representam agora, como representaram no início, a vontade da categoria. Em termos matemáticos, 100 professores de um universo de 2266 representam 4,41%.
Se acham que representam, se acreditam ter legitimidade e compromisso histórico, deveriam utilizar a prática pedagógica do movimento grevista o piquete. Não esse piquete michuruca, consentido, de fechar portão, impedir a reitoria de trabalhar, menos nos dias de processamento da folha de pagamento, é claro.
Mas piquete, piquete mesmo, ir enfrentar os "fura greve", os "traidores de classe", que atrapalham o avanços das conquistas da categoria.
Não nos façamos de lesos, todos sabemos que além da Geofísica, de cursos de mestrado parados que já retornaram, na Medicina rolam soltas diversas disciplinas.
Por que não ir lá utiliando-nos da Maiêutica socrática, ou da dialética marxiana, ou marxista e convencê-los a aderirem à nossa causa?
Nos primórdios da ADUFPA, na primeira greve nacional em setembro de 1980, os piquetes foram usados e acho que acabaram dando certo.
Vou contar alguns episódios.
As áreas mais resistentes a aderirem às greves eram a medicina, odontologia e o direito. Fazia parte obrigatória da pauta das assembléias a divisão das tarefas, e havia portanto a comissão de piquetes.
O primeiro caso aconteceu na faculdade de Medicina.
Integravam o grupo, obrigatoriamente, os professores Heloisa e Raimundo Árias, médicos e únicos representantes do curso no movimento, o piquete da medicina precisa de mais voluntários. Candidataram-se os professores Paulo Sucasas, da Geociências; Olavo Galvão, Psicologia; e Ribamar Carvalho, hoje na UEPA. Os três usavam cabelo comprido, barba. O Suca rabo-de-cavalo. O Riba na ocasião uma camiseta do Che.
Chegam nas salas de aula e corria a notícia de que o pessoal da ADUFA estava lá fazedo piquete, na primeira sala, diálogo cordial.
Segunda, terceira....
De repente, entram na sala de um professor que era conhecido como Lobãozão, pai do professor Lobãozinho. Lobãozão adverte-os que não entrem, e, enquanto o grupo tentava argumentar, ele começa a tirar o cinto e aos berros gritava:
- ALÉM DE GREVE EU NÃO TOLERO, HIPPIE, COMUNISTA E MACONHEIRO!
Para o curso de direito foi mandado um time peso pesado: o presidente, Romero Ximenes, Zurita Leão, e Deusdeth Brasil.
Não chegaram a ter um mal resutado, mas a resistência não diminuia. Como ocoreu na medicina, a posição era sempre a mesma: "Não podemos aderir porque greve no serviço público é ilegal". Escreviam artigos nos jornais alertando para os perigos da greve, o que arrefecia os ânimos dos mais temerosos ou covardes, como muitos deles.
Eu era vice-presidente da ADUFPA e controlava o fundo de greve. Um dia fui procurado pelos três ameaçados de levar uma cinturãozada do Lobãozão, Riba, Suca Olavo e mais o Paulo Chaves e o Babá, que avaliavam que a situação no Direito não evoluiria na base do diálogo, teria deser feita uma ação intimidatória. Uma grande pixação nas salas de aula do curso por exemplo. Para isso precisavam de recursos para tinta spray, gasolina e para uma besteirinha. Concordei em fazer uma "expropriação revolucionária" no fundo de greve.
A operação era ariscada, as salas eram fechadas e tinham que ser arrombadas pelos balancim de fora, e as ações precisavam ser simultaneas para que não se perdasse tempo.
Nos dias que antecederam a "ação", dois professores se notabilizaram no combate à greve: Aluísio Meira, que publicara um artigo e uma professora que, em uma reunião, fôra chamada de burra por um aluno por sua posição anti-greve e declarara "Sou burra, sei que sou burra", os jornais estamparam afrase aprofessora.
A ação foi um sucesso, me avisaram de madrugada. Na manhã seguinte me ligou o Romero pedindo que eu fosse rápido ao curso de Direito que tinha amanhecido todo pixado.
Na sala do Aluísio, trabalho de grafiteiro: "O traidor também entra na História, lembrem Calabar". Na sal da professora estava "Sou burra sei que sou burra".
Estavam todos os diretores da ADUFPA e alguns Pecezões indignados. Armando Zurita valeu-se da teoria conspiratória: - É uma ação da direita para justificar a polícia entrar no Campus e acabar com a greve. Todos concordaram. Passou a ser a opinião oficial do Comitê Central da Greve.
Logo a notícia chegou à imprensa. Eram tantos jornalista, que o Romero dava entrevista para um lado e eu para outro, lembro que falei:
"A diretoria da ADUFPA deplora este ato de vandalismo, é uma provocação. Isso atentado ao espírito pacífico do nosso movimento.
Informamos à imprensa que com a ajuda de nossos colegas de Química, estamos providenciando a remoção dos grafites."
O Riba preparou um solvente mágico, os pixadores foram despixar junto com outros aflitos colegas. Os jornais publicaram as fotos, e o Direito parou de dar aula.
Não estou propondo ao comando ações clandestinas contra os atuais fura-greve. Nas greves se ganha mais, ou menos, veja aqui, um quadro elaborado pelo UOL a partir de fontes da ANDES.
Mas que um piquetinho, que daria ao comando um pouco mais de autoridade moral, de dignidade. Depois pra facilitar o comando tem um argumento tão simpático:
Companheiros é pra termos uma saida honrosa, já tá tudo combinado o fim da greve e como parto cezariano, já tem data marcada pra acontecer: 17 de sertembro.
O único objetivo da greve é bater recorde:
Indo até o dia 17, a greve terá superado e com folga os 112 dias da desastrada greve da 2005, que,em contrapartida, desgastou o movivento que desde esta época está há sete anos sem greve. Desde 1980 foram 15 greves que ocorreram com intervalos de 1 ou 2 anos, menos esta recordista de 112.
"Companheiros esta foi a mais longa greve de nossa trajetória de conquistas, ficamos parados mais que o recorde anterior, a grande e heróica greve de 2005 com 112 dias, nesta ultrapassamos os 120, uma mostrda nossa força vitalidade".
FORA DILMA!!!
FORA MERCADANTE, MERCADOR DO ENSINO PÚBLICO!!!
A LUTA CONTINUA!!!!
Uma senhora aula professor !!
ResponderExcluirA professora que disse: Sou burra sei que sou burra foi a Carmita
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