Antes que algum jovem (ou velho) docente venha me chamar de pelego, dou logo minha carteirada:
Sabe com quem está falando?
É na condição de fundador da ADUFPA, de seu primeiro vice-presidente, de presidente por dois mandatos, de fundador da ANDES que dou aqui minha opinião:
ESTÁ NA HORA DE PARAR A GREVE!
Ela já deu o que tinha que dar.
Saber parar na hora certa é demonstração de sabedoria política.
Lembro-me da primeira greve nacional de docentes, ainda sob o potentado de João Figueiredo que no jogo da "Abertura" escolheu um professor universitário, um intelectual, para o Ministério da Educação, Eduardo Portela que se imortalizou com a frase que desafia quem quiser traduzí-la para o inglês:
Não sou ministro; estou ministro.
Disse-a depois de ter apoiado a greve nacional dos professores.
Foi substituído pelo general Rubem Carlos Ludwig.
Há muita diferença entre aqueles tempos tenebrosos e estes bem mais solares, mas ali, naquele momento colocou-se a mesma questão: manter heroicamente a greve ou recuar?
Eu, Riba, Ciríaco, e tantos outros éramos dos que defendiam "ir prá cima, aproveitar o desgaste da ditatura para enfraquece-la mais". (Derrubá-la, palavra com gosto de mel em tempos de cólera)
O "Movimento Docente" foi sábio, recuou.
Mesmo se não houvesse ganho no contra-cheque, os professores obrigaram a "Abertura" a tirar a máscara: não havia diálogo, como queriam demonstrar com o ministro-professor, mas intimidação, arrogância, autoritarismo, mediocridade; talvez simbolizadas nas quatro estrelas do general.
Este recuo tático permitiu que pouco depois, na UNICAMP - eu estava lá - a ANDES fosse fundada com tanta força.
Hoje, muito do que É a universidade pública brasileira deve-se à luta dos docentes, tanto nos acertos como nos erros.
E se tivessemos mantido a greve?
E se a mantivermos agora, quando objetivamente tivemos ganhos alcaçados em cenário econômico adverso?
E se a Dilma com sua popularidade, agora turbinada com a "prensa" nas operadoras de celular, for pra televisão e mostrar que o governo negociou, que atendeu diversas reividicações?
E se os alunos do vestibular começarem a pressionar?
E se muitos professores começarem a voltar?
E se os campus do interior deliberarem pelo fim da greve?
E o que é pior, se o governo cortar o salário?
Como já aconteceu no principado de FHC, volta todo mundo de rabinho entre as pernas.
Não sei se a firmeza ideológica de algumas lideranças, o compromisso com a universidade pública de qualidade das bases, resiste ao vencimento do cartão de crédito?
Antes de simplesmente me esculhambar, analise, pondere o que escreví.
Se achar que nada mudou, que está tudo a mesma bosta, veja o Ministro Ludwig tratando na maior, o tema da mensalidades para a universidade pública, e mais...
Boa tarde, Flávio!
ResponderExcluirNa qualidade de estudante universitária que fui,em diferentes décadas, no Brasil, sou testemunha do que mudou ou não na qualidade do ensino, público e privado. Desde o início dessa greve que escrevi aos meus amigos e antigos companheiros, observando a sua extemporaneidade. Há que se encontrar novas formas de protesto que incluam a manutenção e o pleno funcionamento das aulas. Já não há uma ditadura a ser derrubada, é preciso haver debate, "bunda" na cadeira para trabalhar as transformações que se querem necessárias. Há greves, atualmente, que retiram os interessados do ambiente onde devem acontecer os debates e onde podem surgir as melhores propostas. Determinadas greves, ao invés de concentrar energias transformadoras, as diluem ou dispersam. Qualquer greve no ensino, hoje, no Brasil, pode representar um atraso na agenda de capacitação de pessoas, de que o país precisa para se manter em crescimento.
Oi, Flávio!
ResponderExcluirMuito bem ponderado seu post e as questões que trazes e que a Ana Lúcia reforça no comentário dela. Hoje acompanhei a entrevista que um desembargador do Trabalho deu para a Rádio Cultura, em uma pauta que tratava sobre até onde vai o direito de greve.
Na pauta, na conversa e na entrevista, vi o quanto que a sociedade busca entender todo esse processo e o quanto que o movimento conseguiu avançar, independente de não ser o que seja o merecido. Nesse esticar de cordas, a lapada vai vir nos bolsos dos professores quando ela quebrar, e o Governo Federal não está longe de fazer isso como se fosse um "choque de ordem" nesse pipocar de greves pelo país.
Concordo contigo: está na hora de parar a greve.
Espero que alguém escute e faça o movimento nesse sentido.
Abs,
Edney
É professor, se fosse no seu tempo o povo da adfupfa já estava de mala e cuia em brasilia pressionando a bancada pra tirar o que nao presta do projeto e garantir outros ganhos. mas é bem mais facil fechar portao da federal e implicar com o pessoal do parfor. ou seja, os interesses da catiguria ficam em segundo plano porque as energias estão sendo gastas com a briguinha besta das chapas da pedagogia.
ResponderExcluirpelamordedeus, não tem mais sindicalista nesse pais. aliás, o que é que ainda tem nesse pais, fora as cachoeiras de m...que a gente ve no noticiario toda hora, né mermo?
A greve tem que continuar até onde for necessario. Não é aceitavel um país em crescimento ecônomico que lesa a classe trabalhadora em detrimento da classe empresarial. O Brasil, vai bem, mas as riquezas devem ser distribuidas e alocadas nos setores que mais necessitam. Possivelmente há o que Franklin Martins em outros tempos falaria, o fim do efeito pedra no lago, afinal, varias classes profissionais estão em greve, e não apenas podem, mas devem permanecer até os ganhos serem consideraveis. E se o governo esquece do que é o PT, e age com repressão, nós não nos acuamos, queimaremos a esplanada e dançaremos em volta como índios!
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