domingo, 12 de agosto de 2012

GREVE: É MELHOR PARAR OU SEREMOS PARADOS

O professor Benedito Ferreira, comentou, no seu Face, sob o título:Debatendo com as "análises"que surgem, o meu post: TÁ NA HORA DE PARAR A GREVE.Colocou "análises" entre aspas para significar que minhas "análises" não eram assim tão análises.Vou comentar a análise dele sobre a minha "análise".
 1- A categoria apoiou a greve, não por estar contra o governo Dilma, muito votaram nela e continuarão votando.
 2- A categoria apoiou a greve por achar que os salários dos professores não são dignos quando comparados a outras categorias do serviço público e, sobretudo, porque não correspondem importância que a Constituição da República, a sociedade e o atual governo, conferem à Educação.
3- A categoria quer resultado quer que se assegure um nível salarial compatível com o seu papel social:
- Pai, eu quero um iPad, os meus colegas já tem.
 - Mãe, eu quero uma roupa, mas tem que ser de marca.
 - Por que vamos ter que adiar aquela viagem à Paris, a vizinha do 303 vai passar o Revellion lá com o marido e os dois filhos?
- Esse carro está muito velho, não mudo há três anos!
Aspira-se uma carreira com níveis salariais que despreocupem destas questões de ordem mais simbólica, exigências da sociedade de consumo, que de sobrevivência, e assim possamos, de fato, fazer do magistério uma opção profissional. Isso não quer dizer que as bases sejam alienadas e burras como muitas vezes se lamentam as vanguardas.
Vivemos em um mundo onde "ser é ter" e isto pressiona nossa familia e a nós mesmos. Assim como, as vanguardas utilizam o silêncio da maioria, para turbinar o movimento, a maioria também se utiliza das lideranças: não precisamos nos preocupar, eles lutam por nós. Mas atenção, até o momento que não forem prejudicados: desconto dos dias parados, por exemplo.
- Percebe que os sindicatos não estão, de fato, lutando bravamente por uma educação pública de qualidade, etc. Sabe que a luta é por salário. Como dizia Delfin Neto: o bolso é o orgão do corpo humano mais sensível a dor.
- Entende também o jogos dos interesses político-eleitorais destas disputas. Um erro dos dirigentes sindicais é se focar no que rola nas assembléias, (50-150 professores, + ou - 5% do universo) e não focar na maioria (mais de 2.260 professores) que nunca se interessou muito em saber o que distingue Andes de Proinfes. Não percebe, porque são imperceptíveis à olho nu, as diferenças entre as propostas do Andes, do Proifes e nem qual é a proposta do governo e o que foi negociado. Querem ver a tabela do salário: Quanto a mais vou ganhar depois da greve? Se não recompõe integralmente a inflação dos últimos 3-4 anos, se beneficiou mais os professores adjuntos ou os associados, isso são detalhes tão pequenos que só os dois sindicatos conseguem entender. O importante é o quanto nominalmente se incorpora ao poder de compra.
No final de sua análise Benedito conclama: NÃO É HORA DE RECUAR. O PRÓPRIO GOVERNO DÁ SINALIZAÇÕES DISSO...
DISCORDO: Não vejo sinais de recuo do governo, pelo contrario. Devemos prestar atenção, a grande mídia, normalmente contraria aos governos do PT, já está se posicionando contra a greve.
O governo em relação às outras categorias já recorreu à justiça. Tem dado um tratamento diferenciado aos professores, mas o discurso será: já demos o que podíamos. Para os professores demos mais que para outras categorias...
Agora o Advogado Geral da União foi claro: Reitores que pagam salários de grevistas devem responder por improbidade."A improbidade por parte dos reitores estaria acontecendo "porque o desconto é um dever do administrador. Não é um direito, não é uma faculdade". Adams declara que "a faculdade que a greve oferece, que a lei oferece, é negociar os dias parados". Já durante uma situação de greve é preciso haver uma "suspensão da relação de trabalho". E essa suspensão significa "que o servidor não está obrigado a prestar o serviço, mas também o patrão não está obrigado a pagar"."
Evidente que gostaria que pudéssemos ter conquistado mais. Porém quero ver o movimento docente forte e não desmoralizado. Ainda temos muito o que fazer até que seja removido todo o entulho autoritário, herdado do passado e alguns remendos absurdos que fomos colocando em cima deste tecido velho.
Temos que sair da greve, como dizia o seu xará Benedito Valadares: Nem tão rápido que pareça fuga nem tão de vagar que pareça provocação.
A hora é agora! Parecerá fuga se sairmos com a ameaça, cada vez mais concreta, da suspensão do pagamento.
Aí os "mesmos" farão para os "mesmos" aqueles discursos heróicos:
Foi a maior greve dos últimos anos,
 Demonstramos nossa indignação,
 Caiu a máscara da Dilma,
O governo mostrou que está à serviço das corporações que querem privatizar o ensino.
Nossa greve, companheiros, foi uma vitória!
Já fiz muito isso, faz parte da coreografia do sindicalismo.
É melhor reconhecer agora que há ganhos e continuar a luta para melhorar o projeto no Congresso do que posar de vitorioso em meio à debandada geral, que virá quando cortarem o ponto.
 Tens toda razão, nossa luta não se ESGOTA com esta greve, mas acho, que esta GREVE JÁ SE ESGOTOU.

 P.S.: Lebrem-se quando o governo FHC, que foi um governo muito diferente do Lula e do Dilma no tratamento com as universidades, cortou o ponto, voltou todo mundo "triste de orelhas tombadas", depois disso foi muito difícil fazer outra greve, o movimeto perdeu muita credibilidade, talvez seja por este erro, que esta seja a "maior greve dos últimos tempos".

Este post esta sendo republicado pois a formatação anterior causou problemas em todo o formato do blog.

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