domingo, 5 de agosto de 2012

Colaboradora ANÔNIMA DO BLOG: ADELITA

Voltando de Tóquio, uma escala em Paris, três horas de espera.
Finalmente abro o email e alguém que assina Adelita pediu para colaborar com o blog.
O texto é maravilhoso!!!
Mande outros Adelita.

Prá aumentar a curiosidade anexou sua foto.


Romeu e Julieta na Piazza Navona
Fim de tarde na Piazza Navona. Tão cheia de gente e barulho, o café tão acolhedor da esquina, com as mesinhas no terraço, o vermute descendo tão bem... nunca que parece inverno. Mas é um inverno gostoso, um inverno romano, digamos assim, bom para beber coisas quentes enquanto se olha a passagem dos homens mais lindos do mundo e das mulheres de pernas magras que logo logo serão matronas. Todos elegantes, eles mais do que elas, mas elas nos matando de inveja com os casacos cintados, as botas de cano longo, saltos altos ressoando, velozes, nas pedras da piazza, que também o frio não está para passeggiata. Escondo os pés sob a mesa, que ingratidão com os tênis mais confortáveis do mundo, portugueses sem griffe, recém comprados em Lisboa.
O jovem garçom faz sua pausa fumando um cigarrinho, cara de preguiça, encostado na parede. Súbito, do lado oposto da piazza, o grito se sobrepõe ao burburinho: Ciao, Paolo! O rapaz se ilumina, todo ele transmite uma alegria daquelas que chamamos de incontida, alegria que sai correndo, pulando, atravessa a praça e captura a moça, que vem se aproximando – Paolo, ele nem consegue se mexer direito, mesmo com o fim da pausa e do cigarro. Seria maldade extrema pedir mais um vermute agora.
Não há beijinhos entre os dois. Ela para na frente dele, rindo, tagarelando e gesticulando como um elenco completo de comédia napolitana. Paolo vira o rosto e posso ver melhor o olhar de ternura com que ele se derrama todo em cima da moça. Não são mais do que dez minutos. Ela não está ali a passeio, ela tem que trabalhar, veio para trabalhar, percebo agora quando passa por mim, um meio-sorriso, olhar atento aos turistas do centro da piazza.
Paolo vai seguindo o passo meio dançante da sua Cabiria enquanto volta a servir as mesas. Se pudesse ficaria ali até o fim da noite que começa, doida para saber mais. Que são um para o outro? Que faz Paolo quando ela se afasta? Aperta os olhos de ciúme? Desconta nos fregueses? Vai embora com ela no fim da jornada? Ela sabe que é amada? Ela o ama? Eles se amam? Um dia ficarão juntos? Já não estão juntos? Uma noite Paolo pode enlouquecer e servir um vermute envenenado para a amada? Enfiar nela a faca afiada com que corta as fatias de pão?
E se ele for apenas o fratello compreensivo que ficou do lado dela quando a escolha foi feita? E se for só um taradinho, o amigo de infância, o cafetão, o confidente? O marido? Por quê preciso bisbilhotar a vida dos outros? Inventar histórias?
E se Paolo for um escritor que se disfarça de garçom para recolher as histórias da piazza, como as de Cabiria-Giulietta e seus clientes, enquanto descarta, com um sorriso profissional, a da mulher solitária que finge ler L´Unità?

8 comentários:

  1. Pela foto, que bela Adelita...nem vou te perguntar, sumano, se profanarias esse templo...a resposta é óbvia.
    Será que Adelita tem Facebook? Ela nos add em sua página? Será ela uma escritora solteira em busca de aventuras para um novo romance? Ou uma casada vingativa querendo embelezar a cabeça pouco esclarecida do marido? E se for uma antiga namoradinha do blogueiro viajante, na espreita, e em busca de vingança por a ter deflorado em tenra juventde, com promessas vãs?
    Sei não...neste mundo de hoje tudo pode acontecer... Don Dito

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    1. Nada a ver esse comentário do primeiro anônimo...parece comentário de gente que tem realmente culpa no cartório (kkkk). Vai ver que a leitora é alguém que não gosta de aparecer e prefere o anonimato. Aprecia o exercício da escrita, vê que o blog do prof. Nassar é bem lido, talvez quer usá-lo para divulgar o texto, para exercitar...mas sem se expor porque quando se assina um comentário com o nome verdadeiro, seu nome vai ficar na internet pra sempre...eu, por exemplo, não gosto de escrever meu nome em blogs por causa disso. Não vale a pena. Agora tem gente que fantasia...eu já passei por isso: tinha um blogueiro que achava que eu queria me vingar dele porque ele era ou é uma pessoa de caráter duvidoso pelas maldades que já tinha feito como professor da UFPA. Muita gente acha que é uma mulher apaixonada ou cara também querendo f. quando surgem essas coisas. Menos, por favor...não precisa "viajar" tanto. A leitora tem talento...

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  2. E se for mesmo uma antiga namoradinha, hoje outonal vingativa que pretende capturá-lo através das letras? E se Adelita for mais um fake internáutico? E se for um homem com alma feminina? E se Adelita for a alma feminina do blogueiro? E se um cavaleiro numa noite de inverno?
    Labibe Latif Laiala Lalalá

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  3. isso é pegadinha do nassar

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  4. O Nassar deve ter feito uma escala em Dubai pra nos presentear com essa beldade de olhos árabes e pseudônimo de música do Nat King Cole.
    Mas se ela usa pseudônimo dos anos 60 e lê jornal do Partido Comunista Italiano, como conservou esses olhos?
    Milagre do Pitanguy ou foto velha ou então muito fotoshop.
    Rá, rá, rá!!!
    Viva o Flávio Nassá!

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  5. Hummm...pelo menos publicou o meu comentário...pensava que tinha sido censurado...

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  6. Luiz Mário de Melo e Silva7 de agosto de 2012 às 09:19

    Uma VADIA salvando os machos com "pés de barro"

    PS: acesse www.opirata2.blogspot.com e leia "As Vadias"

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