sábado, 6 de outubro de 2012

É SÓ UM PALPITE: EDMILSON DANÇOU

Antes, uma história de Belém anos 1950.

Ele queria ser bailarino, ator, spala de orquestra ainda vá lá, mas a mãe foi inflexível:
- Vai ser médico conforme prometi a seu pai!
Foram anos de padecimento até a formatura no Teatro da Paz. Dia seguinte da colação já estava empregado na Santa Casa, um horror, aqueles porões fétidos, aqueles corredores intermináveis e escuros. Logo ele que tinha medo de alma.
Tempos depois uma surpresa, a mãe convidou-o para comprar novos fatos na João Alfredo (essas roupas brancas tão sem graça!) mas, em vez do alfaiate, abriu-lhe a porta de um consultório todo equipado, até atendente vestida de enfermeira, uma senhora de meia-idade para previnir tentações e intimidades.
A fama do doutorzinho correu pelos campos de Cachoeira e de lá pelos gerais do Marajó. E não tinha velho fazendeiro ou viúva de, que não viesse resmungar suas mazelas aos seus ouvidos.

Cada vez que a atendende anunciava um nome daqueles com muitas cabeças correndo no pasto, ele sentia um tremor. Não tinha sido aplicado, passava só na rabeira, as vezes pela interferência da mãe que cultivara muito bem a memória do finado coronel marajoara. Sua fama decoria mais do explendor do consultório, que além de sala de espera, tinha a sala de atendimento, sala de exame, e a sala de diagnóstico. Tinha quem inventasse doença só para conhecer seus esplendores, coisa de cinema.

Feita a anamnese, o momento do diagnótico uma tortura renovada. Saia da sala, consultava os livros, comparava os sintomas, fazia novas perguntas.
Finalmente arriscava e receitava algum placebo. Como a clientela pouco se importava com as receitas, queria mesmo era ver o consultório mandado vir de Paris, nem aviavam a receita.

Mas um dia o filho de um vaqueiro brabo, daqueles que derruba boi a unha e tem a alma tão dura quanto a própria vida que leva, apareceu com mal estranho:
-É maleita.
-É sezão.
-É quebranto!
-É paludismo!
-É mau olhado!
Chamaram as benzedeiras.
Chamaram as rezadeiras.
O menino só amofinava.

Foi aí que não se sabe da cabeça de quem saiu a ideia de vir para Belém consultar o doutorzinho.
Assim se fez, o pai a mãe e o menino atravessaram as infernais agonias da baía do Marajó. Desembarcam no Ver-o-Peso, rumam pra João Alfredo. Sobem sofregos e suados e ainda mareados as escadas de pau-amarelo e acapú e pedem uma consulta.

Minutos depois são levados à sala de atendimento onde o doutorzinho, em um fato de linho irlandês impecavelmente branco, os recebeu.
Estavam afogueados, cansados de tantas noites mal dormidas, mais aquela travessia infernal, entrar naquele mundo de espelhos e cristais era como um rapto, uma abdução. Ficaram mais confusos.
O menino ardia em febre e tremia calafrios tremendos, a pele pálida como uma vela.
O vaqueiro brabo, que deruba boi a unha e tinha a alma tão dura como a própria vida que leva, espantado naquele ambiente Caffè della Paix, formalizou-se e falou:
Doutorzinho, salve meu filho!
Doutorzinho pediu que a atendente de meia-idade que os levasse até a sala de exame, medio a temperatura:
- 41ºde febre, anote no prontuário.
Neste momento o menino teve uma crise de calafrios que quase cai no chão não fosse a prota intervenção da mãe.
-Ele é sempre desta cor?
-Não doutorzinho ele é moreno que nem nós, ele ficou pálido assim desde que adoeceu.
-Anote tez empalidecida.
Depois pegou a ficha e foi viver seu repetido tormento: dar o diagnóstico. Consultou livros, manuais de doenças tropicais, tudo leva a crer, era evidente, mas a tormenta da dúvida não lhe deixava. E se o menino morrer? E se o pai vier se vingar? E se o menino vier fazer de noite visagem? Consultou de novo todos os livros, os sintomas conferiam, não era possível que não fosse.

Ordenou à atendente de meia-idade que os conduzisse à sala de diagnóstico e partiu decidido:
- Eu tenho um palpite que que é malária
- Doutorzinho, paltite tenho eu que sou vaqueiro, o senhor tem que ter certeza.

Tudo isso pra dizer que eu tenho um palpite que se o Edmilson não ganhar no primeiro turno ele não voltará a subir as escadarias do palacete azul, como se dizia no tempo em que esta história aconteceu.

Ele ganhará uma parcela dos votos do Alfredo. Não creio que o PT o apoie formalmente, vai ficar na dele.

Enquanto o seu adversário, Zenaldo ou, estatisticamente ainda, Priante receberão os votos e o apoio de todos os demais, pois são todos da base do governo estadual.

Quem quiser diagnóstico, e não palpite, faça as contas.

8 comentários:

  1. Ciência Política não é uma ciência exata, meu caro. Não há lógica no argumento de que todos os votos adversários vão migrar automaticamente ao candidato opositor a Edmilson. Existem tantas variáveis na oscilação dos votos e nas possibilidades de alianças que tudo pode acontecer, inclusive uma ampliação da vantagem do candidato do PSOL e o encolhimento do candidato opositor.

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  2. Pra ele ganhar, terá que firmar novos compromissos para atrair os votos necessários; será muito difícil, mas não é impossível. A tarefa exigirá que o candidato calce de imediato as sandálias da humildade e aí complica um pouco para o moço, mas é possível; aliás, tudo é possível para aquele que crê e age conforme a sua fé - acho que é assim que rezam as Escrituras. Um abraço, Edir Gaya.

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    1. Edir, é fácil perceber que o Edmilson não é o mesmo brigão de antes. Fez o figurino paz e amor e continuará a fazer.

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  3. Mesmo não sendo exata, nada é exato, podemos trabalhar com cenarios e probabilidades, vc imagina uma Aliança Edmilson Anivaldo, ou Jordy. Os campos politicos estão delimitados o do Edmilson e os outros. Não se iluda nem todos os eleitores do Alfredo votarão no Psol. É só um palpite.

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  4. bem entendido prof. so um palpite
    Meu palpite é que edmilson fara acordo com deus e o diabo - nao se iluda que é um partido de esquerda -
    O moço faz propaganda de umas descartáveis obras na epoca em que implementava o programa petista. há uma incoerencia nisso se a politica fosse séria concorda
    edmilson representa o passado. ate o chapeu de pescador é o mesmo que ele adotou no primeiro governo dele hehehe.
    zenaldo representa o perigo para a cidade jamais PSDB

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  5. Nada esta decidido, ainda falta muita lenha pra queimar apesar do tempo curto. Segundo nossa amiga Franssinete Lorenzano, o PT já embarcou na campanha do ED, Jordy e o Pepsi (PPS) deve apoiar o Zenalcool, em função do compromisso que tem com o governo do estado do qual o Pepsi tem a vice governadoria. O nefasto Dudu talvez queira apoiar o Zenalcool porém é possível que este não o queira em função de sua alta rejeição. Priante é a verdadeira variável e tal o Jefferson vai abraçar o Zenalcool. Entretanto a mídia televisiva vai ser 50% para cada e as doações serão mais generosas bem como a concentração de forças em Belém pois para o PSOL é a cidade mais importante onde pode ganhar uma prefeitura.

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  6. Flavio, nos blogs do deputado Bordalo e do deputado Puty,o que colocam é totalmente ao contrário, inclusive aí vai carta postada no blog do Puty:
    "Carta da direção da DS aos petistas de Belém
    >
    > Unir as forcas democrático-populares contra o PSDB
    >
    > Passado o primeiro turno das eleições municipais, observamos em todo o Brasil um processo de crescimento das candidaturas do campo popular.
    > A ida de Nelson Pellegrino, Elmano e Fernando Haddad ao segundo turno são exemplos da combinação vitoriosa de candidaturas de alto perfil com resoluta defesa dos avanços empreendidos pelos governos de Lula e Dilma e das experiências petistas locais. Vamos ao segundo turno nas capitais com o objetivo precípuo de consolidar os avanços e derrotar a direita, particularmente seu partido dirigente, o PSDB.
    > O segundo turno em Belém coloca claramente dois campos em disputa e a Democracia Socialista defenderá nas instâncias partidárias que o PT declare apoio imediato à candidatura de Edmilson Rodrigues e Jorge Panzera. Esperamos ainda que o PSOL se una ao campo popular nas cidades onde o PT disputa o segundo turno com as forças conservadoras.
    > Nossa militância irá para as ruas e se dedicará integralmente à tarefa de derrotar a direita em nossa querida cidade.
    >
    > Grupo de Trabalho da Democracia Socialista-Pará"
    >

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  7. Vamos assistir aos palpites do Flávio caírem um a um. O primerio já foi: o PT vai apoiar formalmente o Edmilson, o que já fez informalmente no primeiro turno. Ou vocês acham que o PT tem só 3% de votos em Belém? Segundo, a transferência de votos não é automática. O eleitor médio vota na fuça do candidato, não no partido.

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