segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

PRETO É PRETO, BOBINHO

Um bobinhoenrustidinho comentou como anônimo no post O PSDB E O TRIÂNGULO MORTAL, dia 31 de janeiro de às 20:44 com a seguinte lição de politicamente correto:
"aquele preto", não, professor. O senhor não precisa fazer isso."
Depois, foi ficando mais brabinho, zangadinho, descontrolado e começou a ofender:
E comentou, de novo, dia 1 de fevereiro, às17:45:
"professor, o sr está caduco e gaga. preto é o seu cú."

Perdi a paciência e la vai minha resposta:

Caetano Veloso, mulato no sentido lato, mulato democrático, filho de Dona Canô, aquela que dizia: Filho "venha ver o preto que você gosta" compôs, em homenagem a Mariguela, a canção  "O Comunista" que começa assim:

Um mulato baiano,
Muito alto e mulato
Filho de um italiano
E de uma preta hauça.

Se quiser se ilustrar, ouça aqui no youtube.

Quanto a huaça, vá procurar no "pai dos burros".



Gilberto Gil chamou sua filha de Preta Maria Gadelha Gil Moreira Lima, disse pro escrivão na hora de registrar: Não tem gente que se chama Branca, Clara?




O IBGE quando carateriza a população brasileira, divide entre brancos, pretos, pardos, amarelos, indígenas.

Ah, já sei, você deve ser daqueles patetinhas que dizem, não devemos chamar:

PRETO de preto porque preto é cor. Devemos chamar PRETO de NEGRO porque negro é raça.

Essa ideia grassou no Brasil em um período em que estivemos atolados em um pântano cultural e ideológico e virou moda interpretar a nossa realidade a partir de teorias sociológicas e práticas políticas vigentes nos EUA, que convenhamos, tem uma realidade totalmente diferente da nossa, basta dizer que há menos de 50 anos, lá ainda vigiam leis legitimando o racismo.

Não tem fundamento científico nenhum o conceito de raça.

Quem acreditava e acredita nesse conceito são os Nazistas.



Há milênios os grupos humanos espalhados no planeta trocam entre si seu patrimônio genético.
Nem no lugar mais longínquo e isolado do planeta,  encontra-se um homem raça pura, seja preto como os primeiros que saíram da mama África para popular a terra; seja branco, amarelo, ou azul.

TODOS OS ATUAIS HABITANTES DO PLANETA CARREGAM NA SUA IDENTIDADE GENÉTICA AS MARCAS DA CAMINHADA DA HUMANIDADE POR GAIA, A MÃE TERRA.

Quer dizer que somos um pouco pretos, um pouco brancos, um pouco amarelos.
Em alguns lugares mais, em outros menos.

O Brasil é um dos lugares do planeta onde mais esta 

MISTURA SE MIXTUROU


Se misturou tanto que se você, por exemplo, tomar uma pessoa de pele preta, ela pode ser geneticamente mais branca que uma branca que traga escondida no seu DNA, uma maior ascendência "negra" que a primeira.
Evidente que a geneticamente mais preta, porém de pele mais branca, não vai sofrer a discriminação que a falsa "preta" sofrerá.

My little and lovely ass, se voce tivesse noção do mapa genético papopulação brasilera estaria enfiando seus dedinhos, seu tecladinho, seu computadorzinho, espero que seja pelo menos um note, encabuladinhos num buraquinho, tal a vergonha da babaquice que falou.

Mas não desista, vamos fazer um teste de certo ou errado, para avaliarmos seu nível de percepção da cultura e da realidade brasileira.


Se eu disser: o grande Jamelão, foi o preto que por décadas interpretou a alma da Mangueira nas ruas.
Eu lhe retiro a dignidade, a grandeza?
Sim ou não?



Se eu disser : o negro Pixinguinha deveria ter seu nome no Panteão dos heróis da Pátria em Brasília, as chances de mudar os critérios para redefinir um herói nacional brasileiro, seriam maiores do que, se eu disser o preto Pixinguinha deveria ter seu nome no Panteão dos heróis da Pátria em Brasília? Sim ou Não?

Foto: © Alberto Jacob / Agência JB (A partir da esquerda, Pixinguinha, João da Baiana e Donga) 

Se eu dizer esta Santíssima Trindade de deuses pretos ajudou a cozer a alma brasileira é menos verdadeiro do que se eu disse esta Santíssima Trindade de deuses negros ajudou a cozer a alma brasileira?
Sim ou não?

Gonzaga, é grande por que é preto, pardo, ou negro?

Não tem saída para você, agora já posso te chamar de otário. Você, em sua singeleza mental, só atentou para o chavão: não é politicamento correto chamar pessoas de pretas, pois preto é cor e não raça, aí disseste, vou pegar o Flávio, vou desmascara-lo, vou mostrar que ele é racista.
Não era este o x da questão quando fiz a provocação de chamar o Joaquinzão de preto,  era para compará-lo ao arcanjo Gabriel que derrota o demônio e que na tradição  iconográfica é sempre representado com cachinhos dourados como no famoso de Guido Reni, do qual


existe uma cópia em um dos altares laterais da Catedral de Belém. Vocês sabia disso?

Quis colocar Joaquim Barbosa nesta posição de "preto de alma branca" como está no texto:

Tem alguma coisa errada. Como é que gente da peior espécime, como diz a Grobo, o Dr. Joaquim, aquele preto, que de tão justiceiro parece o arcanjo Gabriel com seus cachinhos dourados, todos esses jornais de reputabilidade inabalável, podem falar tanta malvadeza deles, se eles ajudaram igualmente sem deferimento algum, ricos e pobres a subir na vida de acordo com os preceito tão bondosos de Nosso Senhor Jesus Cristo?


Era justamente o meu objetivo mostrar o grau de complexidade em que se processa a luta de classes neste momento da História do Brasil , isso não é "concedido"perceber a qualquer alminha zelosa, e já que enveredamos pelas metáforas religiosas, vivemos aqueles momentos apocalipticos, em que muitas vezes o anti-cristo em suas seduções o confundem com o próprio "cristo".
É muito estranho que o Dr. Joaquim tenha se tornado o herói da revista Veja,  porta voz do reacionarismo no Brasil.


Embalá-lo nessa visão messiânica de "menino pobre que mudou o Brasil", não é lá um grande serviço à causa  contemporânea de democracia.
A Veja nunca foi amiga nem defensora dos meninos pobres, nem de mudanças.
Por que agora estaria a defende-los?

Tenho dúvidas, de fato, neste momento, apesar das aparências querem ulular que sim, se o menino Joaquim esta ao lado da negrada brasileira, que ainda tem muito para conquistar, como também os meninos filhos de retirantes, filhos de metalúrgicos, meninos  índios, mestiços, mulatos, morenos, brancos que são pretos por dentro, pretos que tem DNA de branco.

Meu caro e covarde anônimo, estou disposto a continuar o debate, saia do armário, cresça e apareça, para isso lhe recomendo boas doses de feijão intelectual, feijão afinal é o preto que satisfaz.

P.S.: Gostaria que o Raimundo Jorge e o Edemir de Carvalho, meus irmãos de luta falassem.

4 comentários:

  1. Tu és muito engraçado e, mesmo escrevendo com dislexia, entendo tudinho que queres dizer.
    Pq. tem quem não entenda?
    Faço minhas as palavras do anônimo que escreveu no post que tinha a foto daquela moça linda, a Marise Morbach, e lamentou a perda da capacidade de leitura e interpretação, da saudável ironia, que pode inclusive servir pra gente não se levar tão a sério. Como dizia a dona Clarice Lispector - que não escrevia facilzinho, não - a uma pretendente a escritora: "Quando tiver um sucesso, não fique contentona, fique contentinha". Cito de memória, mas é esse o espírito da coisa: um certo grau de humildade ajuda não só na literatura, como na vida.
    Humildade pra buscar se instruir, ousar pensar com a própria cabeça, mesmo que seja extremamente difícil, não se achar a palmatória do mundo, o cagador de regras universal. O pai eterno do politicamente correto.
    Estou contigo: vivemos o apocalipse,até os anjos mudaram de cor, de frente, de lado, e o capitalismo ainda se atualiza muito mais rápido que tudo. Viu que a máscara do V dos "ocupados" de Wall Street hoje não serve nem mais pro carnaval da Cidade Velha? Em compensação, na Praça Tahir o couro continua comendo. Lá não tem muita conversa mole como aqui no nosso blog, não.
    E não me mande guardar o computador em nenhum lugar que o meu é um grandão, nem tela plana tem.
    Saudações alvi-negras (ou direi alvi-pretas?)

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  2. Flávio, infelizmente no Brasil ainda é hegemônico o pensamento da elite descendente dos escravistas, ou seja, depois de explorar os pretos, "libertar" os pretos, dar "direito" aos pretos, eles, da elite, inventaram o politicamente correto para aliviar a consciência culpada.Então resolveram dar bolsa família aos pretos, dar vagas na universidade aos pretos e também não chamar mais preto de preto.
    Eu, como sou preto e tenho orgulho de ser preto, pois segunda as ciências naturais nós somos a matriz de todos os seres humanos, quero afirmar aqui a correta política de cobrar as injustiça que sofremos por causa da quantidade de melanina que temos na pele.
    O que nós precisamos é deixar as frescuras dos sentimentos de culpa das elites brsileiras e abraçar a luta real contra a discriminação pela cor da pele, seja preta, marron ou que quiserem chamar. Prcisamos resgatar o exemplo de Lumuba, Agostinho Neto,Amilcar Cabral, Samora Marchel e etc. Estes não eram pretos nem negros, eram revolucionários, herois da nossa causa que ainda prcisa ser vencida.

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  3. Salve José de Ribamar de Castro Carvalho, salve com seus orixás. Precisamos sim ser "revolucionários do século XXI".

    Sou preto/negro ou negro/preto "Eu" sou e para mim tanto faz qual deverá ser o politicamente correto, só sei que sou e com todo o orgulho da história de luta de meu povo.

    Mas gostaria de ver toda esta energia que nossos irmãos usam no anonimato, canalizada para uma maior inclusão de nosso povo.

    Saiamos de cima do muro e tomemos lado, o lado da justiça e da inclusão de nosso povo.

    ÀSe.

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  4. Espero que este meu irmão de cor tenha compreendido a minha posição. Aproveito para reafirmar com mais clareza, não compactuo com a ideologia dos descendentes dos escravocratas brasileiros (que continuam a ser as elites neste país)! Nós os Pretos, Negros, Mulatos e etc. precisamos levantar bem alto a nossa estima para lutar contra a discriminção e principalmente combater a maldita herança da concentração da riqueza. (que começou com os escravocratas).
    Por fim, não aceito a "peninha", não aceito as "doações" e não aceito o "politicamente correto" dos intelectuais descendentes de escravistas. Quero a JUSTIÇA para os pretos que foram escravizados e seus descendentes,como eu!
    P.S. Posso até ser de senzala, mais de muro nunca serei.

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