Na recente Feira do Livro, fui convidado, pela Secretaria de Cultura, para organizar eventos para a programação do país convidado, a Itália. Sugeri o nome do professor Paolo Spedicato que já havia estado em Belém como professor convidado em um programa apoiado pela Embaixada da Itália.
Spedicato apresentou a conferência: Os italianos, irmãos mais velhos dos brasileiros: diálogo sobre a identidade aos 150 anos da Itália moderna.
Foi um dos mais belas e eruditas reflexões que tive o privilégio de ouvir recentemente.
Começa assim:
A cultura católica e cristã em geral, sobre tudo em tempos de ecumenismo e de diálogo, tem o costume de chamar os judeus “irmãos mais velhos”, “fratelli maggiori”. Trata-se de uma manifestação de respeito pela primogenitura histórica e pela herança moral do antigo povo monoteísta, assim como protagonizadas e contadas pelo Antigo Testamento. Fora de metáfora, gosteria aqui de usar o mesmo paradigma, chamando os italianos de irmãos mais velhos dos brasileiros. Afinal, a península italiana tem quase três milênios de história documentada e o Brasil moderno é um jovem de somente quinhentos anos, embora muito mais velho em termos de pré-história antropológica e arqueológica. Mas sabemos que a história dos acontecimentos humanos é cheia de surpresas e paradoxos. É só pensar no caso do Brasil moderno, nascido do “brado retumbante” dos campos de Ipiranga em 1822, uma data que o faz mais velho da Itália unida moderna, cujo aniversario, a partir de 1861, este ano celebramos e recordamos.
Mas porquê relembrar, celebrar uma data histórica, embora significativa para uma comunidade nacional? O poeta romântico Giacomo Leopardi, do ponto de vista do seu ‘sistema’ de pensamento materialista e pessimista, escreveu que as festas de aniversário, privadas ou públicas, representam “ilusões”positivas, momentos bonitos, sendo as ilusões os únicos elementos que podem dar valor a uma existência sombria e sem sentido.
Se voce quer ler até o fim, eu digo, vale a pena, clik aqui.
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