quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Presidenta e o cadeirante


No meio deste debate natural que os politicamente corretos se inscrevessem, Marcos Bagno, professor de Linguística na Universidade de Brasília, acha que é presidenta e dá o seguinte exemplo:
se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido incrustada na gramática das línguas.
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Sem ser especialista no assunto pergunto ao lingüista como ele explica o fato de que no inglês a maioria dos substantivos são neutros, - exceções como, man, woman, king, queen, etc.  variam - será que os anglo-saxões foram menos machistas quando constituíram sua língua.
É por isso que eu não entendo esses politicamente corretos.

P.S.1: Se um dia eu vier a ser afetado por algum mal que me ataque as pernas, quero ser chamado de aleijado não de cadeirante.
Aleijado pelo menos é o sujeito definido por uma mutilação, cadeirante é o sujeito definido pelo objeto que o transporta. Por exemplo, todo mundo que anda de  carro ou ônibus seria então designado de motorizado.
P.S.2: Imagine se, o próximo presidente for do gênero masculino e uma vez eleito, ache que ele não pode exercer a presidência, palavra feminina, e diga que ele exerce o presidêncio da república.

4 comentários:

  1. Flávio, cadê o meu artigo?
    tchau
    Reginalda

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  2. Flávio

    Estás total e completamente coberto de razão. Esse papo da linguagem "politicamente correta" tem origem nos EUA(como não poderia deixar de ser). O primeiro objetivo foi uma tentativa para evitar a caracterização como racista e etc. O segundo objetivo, mais solerte, foi manter o processo discriminatório disfarçado e a salvo de futuro processos judiciais. No mais é pura e grossa asneira, como se a linguagem x ou y definisse critérios ético e comportamentos sociais humanistas.

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  3. A linguagem existe sim, mas em uma dimensão diferente da que percebemos uma cadeira.

    A língua é um fato instituicional, como o Direito. Não me parece adequado dizer que o Direito, a língua ou o tempo não existem.

    Existem, como diria o Popper, no Mundo III.

    E acho esse papo de presidenta uma grande besteira. Por algum acaso quando eu ia pra casa dos meus avós paternos o vovô Naeff se sentia diminuido ou esquecido?

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  4. A cegueira dos Politicamente corretos é tal que mesmo este paladino da causa não viu que no exemplo que deu: "um motorista embriagado" que atropelou a senhora e seu infeliz cachorro, perdeu sua condição masculina quando entrou dentro do carro.
    Acho que é melhor deixar a língua como está.

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