terça-feira, 5 de julho de 2011

Belém do alto: conjuntos e baixadas

Nunca mais tinha visto Belém de cima.
Desta vez resolvi viajar na janela do avião.
A malha urbana da periferia tem nitidamente dois padrões: o uniforme dos conjuntos habitacionais e a "expontânea" das invasões.


Qual é a melhor situação?
O BNH (Banco Nacional de Habitação) para arquitetos, sociólogos, antopólogos, assistentes sociais da esquerda festiva dos anos 80-90, era a encarnação do diabo nas intervenções urbanas.
Diziam que os conjuntos financiados pelo banco eram distantes, inacessíveis,(e eram), mas sobretudo, uniformes, tudo padronizado, que os moradores não podiam exprimir sua individualidade, o âmago do seu ser, a profundidade de sua alma, sua cultura cabocla, seu gosto pessoal, um horrrrrooor! Uma afronta à liberdade individual, coisa de ditadura.
Foi então que este pensamento freudiano-pequeno-burguês foi vencendo e junto com ele veio o desmantelamento de um modelo que, mesmo não sendo perfeito, era melhor do que o vácuo que imperou depois.
Quem foram os grandes prejudicados por esta leitura "estética" do problema habitacional?
Os sem teto, os mais necessitados que, de fato, precisavam morar com dignidade.
As forças do movimento popular se atolaram neste pântano pequeno-burguês e se concentraram nestas perfumarias em vez de lutar para aperfeiçoar o modelo.
O grande vitorioso foram os governos federais que encontraram uma solução antropológica, diversificada, culturalmente adequada, que respeita a estética dos oprimidos, e, principalmente, mais barata: urbanizar favelas e legitimar a sub-habitação.

Um comentário:

  1. e esses pseudo-intelectuais de esquerda, onde moram hoje?

    Umarizal? Batista Campos? Nazaré? Certamente num lugar confortável de onde enxergam da sacada os problemas que não conseguiram resolver no passado.

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