quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Hino do Pará: THE END

Vamos analisar a última estrofe do nosso já combalido hino.
"Tudo em ti são encantos vibrantes
Desde a indústria à rudeza Pagã
Salve Terra de Rios Gigantes
Da Amazônia Princesa Louçã"
O verso: Salve o terra de rios gigantes
Não vai poder ficar mais assim, pois restarão apenas pequenos pedaços de rios no Parazinho-mirim
O Guamá já poluído e o grande Parauassú, que nos deu glórias e nome, é hoje esgoto de Belém, Barcarena, Abaetétuba.
Proponho então que fique: Salve o terra de rios minguantes
D’Amazônia, princesa louçã!
Este verso é o mais estranho, primeiro porque ninguém sabe o que é louçã, nem porque o Pará, que vinha sendo o colosso, masculino, virou princesa louçã, que quer dizer gentil, elegante. Talvez o poeta considerou o Pará como Gaia, a mãe-terra, que não tendo sexo, gerou sozinha o mar, o céu e as montanhas.
Mas com quem vai ficar este verso? Quem vai ser esta princesa elegante?
Será que analisando as cidades que pretendem ser capital dos estados teremos alguma inspiração?
Olhando para Belém, Santarém e Marabá, nenhuma é elegante. Belém já foi, avacalhou-se, Santarém era a Pérola do Tapajós, não é mais, está detonada. Para Marabá, até os moradores chamam de Marabagunça.
Nenhuma é louçã.
E, se tirarmos a cedilha e o til de louçã, fica louca.
Aí todas as três podem ser princesas loucas, cresceram feito loucas, tresloucadas e sem direção, sem planejamento, sem Plano Diretor.
Desde a indústria à rudeza pagã. 
A indústria fica com Carajás, por razões óbvias: ferro, minérios, eletricidade.
E a rudeza pagã?
Como ninguém vai querer, vamos ter que ficar com elas. Não por falta de antecedentes e alentada folha corrida.

E agora que ficou demonstrado que perderemos o brilho tão cantado no estribilho, será que ainda vamos preferir mil vezes a morte?
Vamos ter que promover seções coletivas de suicídios?
O Manuel Pinto da Silva, como já demonstrei no Armagedon na Cidade do Pará, poderia ser um local apropriado: uma fila lúgubre e triste subiria as escadas e dos andares superiores, os pobres paraenses, que levaram seu hino a sério, se atirariam.

Ou será que a morte, já não é nossa companheira?
Que ela mesma, anda vivinha por aqui?
Pelo jeito que as coisas vão, parece que já estamos todos mortos, só nos esquecemos de entregar o corpo à tumba.

3 comentários:

  1. Nunca tinha analisado essa letra assim. Adorei, muito inteligente! Primeira vez visitando o teu blog, voltarei sempre.

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  2. tua analise representa a realidade de um estado de coisas que dilapidaram e entristece o nosso povo, mas vamos ficar com a essencia do canto e encantos cívico dos nossos tempos estudantis por ter que cantar o nosso bravo hino do pará.Lutaremos bravamente por todos os recantos com nossa voz.NÃO A DIVISÃO!sua analise é perfeita amigo flavio.

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