Os livros, como as ideias, estão soltos no ar
Como estratificações geológicas
E se deslocam em velocidade diferente da rotação da terra.
Para capturá-los, basta levantar a mão e apanhá-los.
Se os colho horizontalmente, levantando a mão e esperando que se acumulem, ou movimentando o braço pra frente, sempre na mesma camada, tenho um livro lógico, com princípio meio e fim.
Se os apanho verticalmente, dos diversos extratos, terei livros que misturam tempos e espaços.
Essas camadas onde se tiram os livros, se formam do barulho das coisas, gemidos de bichos, miados de gatas, rumor das plantas crescendo, das partículas atômicas girando, ou pulsando, dos líquidos correndo nos corpos, dos pensamentos ainda inconclusos.
Quando alguém tira do ar um pedaço deste magma primal, ele se recompõe como pele depois do corte.
Por isso, muitas vezes, temos livros ou ideias repetidos: os autores colheram duas ou mais vezes do mesmo lugar.
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