segunda-feira, 30 de maio de 2011

Recebí do Pedro Ayres, meu ciberamigo

Flavio
Como não consegui colocar este comentário no teu post sobre a Divisão e destruição do Pará, envio-te agora como texto de email:
Caro Flávio
Há muito que denuncio vários projetos e planos “estratégicos” sobre a Região Amazônica e trechos do Pantanal. Alguns com apoio e estímulo do Governo Federal, como foi àquela aberração perpetrada pelo “brasilianist” de Harvard, advogado formado pela Nacional de Direito, quando ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, graças ao lobby do Ciro Gomes. Os planos para a divisão territorial do Estado do Pará, que inicialmente eram apenas ridicularias políticas e personalistas de quem se considerava mais nativista que o mais nativo, há muito passaram a fazer parte dos projetos expansionistas de empresas como a Cargill, Monsanto e similares, além daquelas que fazem da mineração(destruiçào do meio-ambiente) o seu elemento natural.
São diversas as vozes, múltiplos os depoimentos e denúncias sobre a destruição da Amazônia. Muito mais grave que a própria destruição é o comportamento de "modernidade" e atualização dos moradores da região, como acontece no Baixo Amazonas, em que o poderoso lobby da Cargill luta para criar o Estado do Tapajós. Um processo que também visa o Sul do Pará, com a criação do Estado de Carajás. Este com o apoio, as benessses e os famosos estímulos financeiros das mineradoras e dos desflorestadores.
O argumento é simples, com os novos estados, recursos federais terão que ser transferidos para lá e assim haverá progresso. É uma enorme mentira, pois, passado o período de implantação dos novos Estados, ficará uma pesada e cara estrutura político-administrativa - poder executivo, poder legislativo e poder judiciário. Uma estrutura a ser mantida com impostos e taxas que nem sempre podem existir, pois, há leis federais sobre o assunto.
Esses Estados, que mobilizam o noticiário político regional, tem apenas uma finalidade, aumentar a lucratividade da Cargill e subsidiariamente estimular vaidades políticas no Baixo Amazonas, enquanto que na outra área, os interesses se concentram na agro-pecuária, em madereiras e em mineração. Entretanto, o resultado final será a destruição do rio Tapajós e de todo o seu entorno, o que pode provocar a rápida destruição de lugares como Alter-do-Chão e mais tarde de Santarém como lugares aprazíveis. Um quadro que poderá ser o destino do sistema hidrográfico do Sul paraense. Tudo porque velhos e novos oligarcas têm ambições de poder e riqueza.
Este texto, embora tardio(*), é uma tentativa para evitar o que parece ser inevitável. É evidente que não há o menor desejo de que Santarém ou Marabá voltem no tempo. O importante é não permitir que aconteça o mesmo que se fez em Belém. Belém era uma das mais belas cidades das Américas e hoje é um arremedo de urbe. Uma cidade se torna bela por várias razões: o savoir vivre, a sua arquitetura e o seu povo, um quadro existente até aos primeiros anos da década de 1960. Até a chegada dos bárbaros em 1964, Belém ainda conseguia manter incólume grande parte de seu casario e edifícios em Art Nouveau e Art Deco, principalmente no Centro. Hoje, o que há é decadência e abandono, quando o certo seria transformá-lo em atração turística, fonte geradora de empregos e renda.
Como um assunto puxa outro, como dizia a minha avó, nestes tempos de preocupações ecológicas, há algo fundamental - a preservação da vida humana nas cidades. Uma preservação que signifique qualidade de vida, bem-estar e aumento da cordialidade e da fraternidade. Ora, como querer melhorar a qualidade de vida das pessoas numa cidade que anualmente sofre alterações em seu clima por obra da burrice empresarial e da politiquice clientelista.
É o que se vê em Belém desde que os gênios urbanísticos, esquecidos de que Belém fica na região equatorial e muitíssimo chuvosa, decidiram asfaltar a cidade, com camadas e mais camadas desse derivado do petróleo, como se o País e o Pará fossem dos maiores produtores desse combustível fóssil. Esse "aggiornamento" trouxe para a cidade o aumento constante do calor, a impermeabilização do solo e o fim do mais ecológico, barato, massivo e correto meio de transporte para uma cidade muito quente, - o bonde.
O custo do progre$$o é muito alto e dispendioso em termos de vidas humanas e de risco para o futuro. Lutar pela vida, pela preservação da Amazônia e por um desenvolvimento econômico-social de forma auto-sustentável, sem violentar a Terra e seus habitantes, é o desafio que hoje está posto para quem um dia sonhou por tudo isso e mais alguma coisa. Votar bem no Plebiscito e eleições pode ser o começo para a correção desses rumos.
Ou seja, lutar para a manutenção da integridade física do Estado tem o mesmo sentido da luta dos cabanos. Se há erros e equívocos administrativos que aprofundam o empobrecimento das micro-regiôes do Tapajós e de Carajás, a solução é muito mais barata e menos danosa ao País e ao Estado que esse crime que desejam levar adiante. Uma atitude que em tudo por tudo se contrapõe ao aventureirismo e ao arrivismo de gente como um tal deputado Giovani Queirós, que deslustra e desonra as raízes nacionalistas e progressistas do PDT. Se esse senhor quer apoiar madeireiras, mineradoras e o agronegócio mais predador e explorador, creio que o seu partido é outro. Apoiar iniciativas desse tipo é ser conivente com os constantes assassinatos de líderes e combatentes ambientalistas e camponeses.
(*) http://pedroayres.blogspot.com/2010/12/destruicao-da-amazonia.html

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Um comentário:

  1. No inicio dos anos 60, aqui em Belém, tive a oportunidade de ser aluna do Pedro Ayres. Foi um professor bem marcante, principalmente por sua atitude de profundo respeito aos fatos e à verdade histórica. Eu e minhas colegas aprendemos muito com ele e at;e passamos a gostar de História Contemporâneo, que era o que nos ensinava.É muito bom saber que mantém o mesmo ânimo de luta e de brasilidade.
    Ana

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