quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Democracia representativa e desenvolvimento tecnológico

Fica evidente na análise dos atuais impasses por que passa a  Democracia Representativa, que, aprisionada pelo sistema político partidário não atende mais aos desejos da sociedade nem corresponde ao ideário do Iluminismo.
Nas ocupações que começaram na Praça Tahir, no Cairo, depois para a porta do Sol em Madri, e agora de Wall Street assumem um caráter global propem outras formas de participação nos processos decisórios: plebiscitos, referendos e alguns, democracia direta.
O atual sistema de representatividade da Democracia foi condicionado pelo desenvolvimeto cientifíco, tecnológico, do pensamento humano e do aranjo de forças políticas existentes no momento em que se definiu este padrão.
Se imaginarmos como seria difícil representar interesses de cidadãos dispersos em vastos territórios com redes de transportes e comunicação precários, fica evidente que esta era a solução possível. Não vou nem me reportar à Europa no século 18, pensemos no Brasil do século 19 e início do 20. Como se integravam as províncias e depois estados com a capital Rio de Janeiro?
Não havia um sistema de transportes nacional. No máximos algumas tramas regionais.
A comunicação era precária, o único meio, o correio, se fazia em muitos trecho em lombo de burro.


Para poder chegar nos grotões longínquos
 Ou mesmo em cidades distantes.

O primeiro meio de transporte que integrou o Brasil foi a navegação a vapor, quer costeira como interior. Sem a navegação costeira a  vapor, a ligação entre os estados do norte e os sul era precaríssima. Os navios a vela tinham dificuldade de contornar a costa nordestina. Isso só mudou com a revolução do vapor e a chegada dos famosos Itas.


Linhas regulares ligavam Porto Alegre à Belém. Mas o tempo de viagem era longo.

Mais tarde, a aviação civil ainda não permitia a mobilidade que hoje temos.
Quer nos seus primórdios.


Como nos tempos deste Catalina da Pannair do Brasil visto nos arredores de Belém.


Ou mesmo nos Constelations cujos voos entre Belém e Rio de Janeiro duravam 6 horas.
Voar era um luxo, não estava incorporado na cultura da administração pública e os parlamentares continuavam residindo com a família na capital federal. Quando Brasília foi construída os apartamentos funcionais eram de fato usados pelos parlamentares. Só mais tarde com o crescimento das companhias aéreas e o barateamento dos serviços começa o costume das viagens semanais dos parlamentares entre Brasília e seus estados.
Voltemos às comunicações, a inovação tecnológica que sucedeu o correio foi o telégrafo.


A rede telegráfica quase sempre acompanhava a ferroviária o que significava ser pouco extensa em relação as dimensões nacionais.

A maioria do pais não era atendida, foi uma epopéia a construção da linha telegráfica unido o Rio ao Acre.


O fato verdadeiramente heróico,  deu glória ao General Rondon.
É evidente que em um contexto como este, com este tipo de suporte, com estas mídias, só era operacional o sistema em que a sociedade delegava poderes a alguns para que a representasse, legislando e governando.
Isso mostra que este antigo modelo representativo era, além de expressar um arranjo político, evidentemente, condicionado tecnologicamente pelos meios de transporte e pelos sistemas de comunicação.
Os atuais padrões de transportes permitem grande mobilidade e o advento da Internet e das tecnologias móveis de comunicação uniu e aproximou pessoas e instituições.
Temos agora condições novas para novas expressões democráticas.
Quem, no inicio do séclo 21, poderia imaginar que hoje no Brasil temos mais celulares que brasileiros.
Mais alguns anos, e todos os que tem celulares, terão smartfones ou tablets, é sobre estes novos suportes tecnológicos, sobre essas novas mídias devemos pensar estas novas expressões da Democracia.
Uma Democracia mais Democrática, sem tantos atravessadores.
Senão é achar que a História Humana acabou e devemos manter tudo como está para ver como é que fica.
E aí?
Bem, é que não fica?

P.S.1: Vejam bem, falei: "sem tantos atravessadores".
P.S.2: Um smartfone LG dual Ship NeoSmart pode ser comprado por R$199,99 a vista ou por R$ 234,90  em 12 vezes, aqui Isso no mercado formal, os chino-paraguaios custam R$70,00 e funcionam satisfatóriamente.
P.S.3: Dedico este post aos queridos amigos Jorge Alex e Marise Morbach que ainda ousam abusar da minha paciência discordando de mim.

2 comentários:

  1. Falou e disse: depois dessa começo a pensar seriamente em parar de discordar de ti. Beijos e abraços na família!

    Marise Morbach

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  2. "Uma Democracia mais Democrática, sem tantos atravessadores".

    Legal isso... Mas no meu modo de ver, faltou dizer que o Estado nasceu como instrumento de dominação política por aqueles que detém o poder econômico.

    Os futuros "atravessadores", serão os que fabricam e vendem celulares, smartphones, tablets e quejandos. Infelizmente a condição social não determina uma consciência social (automática) dessa condição.

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